15.4.05

versos para o mundo II

jogos de azar

o desejo de abrir uma altura pretérita
em forma de destino por embrulhar.
salivando, o mar
fuma pelos paralelos
numa desinência passiva.

na areia, uma mortalha
cai por entre os dedos
com sedutora diplomacia.

ao derreter uma rocha,
simulava estar encostado
a uma paragem de autocarro.

só uma parede deslizava
esbarrando a trajectória
do nosso livro livre.

queria tactear o teu casaco
e olhar de frente os gestos
que mostras a quem viaja.

às, de ver.

2003