No tempo em que os Animais falavam
No tempo em que os Animais falavam
Havia um Peixe muito sábio que dizia:
"Já passou o tempo em que éramos crianças. Em que nos ríamos.
Em que dormíamos com honestidade e entusiasmo.
E, acima de tudo, em que crescíamos e se nos deparava um mundo, que se abria perante nós,
e ele era bonito, esse mundo."
Isto era o que ele dizia.
Mas agora (E Porquê Agora? Porquê?)
É uma prisão, um Castigo ou uma Redenção.
Fomos adolescidos do Paraíso.
Envelhecemos (como envelhecemos!) e estamos Assim.
Choramos o passado
Desconfiamos do futuro (ou iludimo-nos)
E Esperamos.
Porque um dia não haverá mais peixes na terra.
E Nós, que somos o seu Sal,
Perderemos as nossas características
E nos transformaremos.
Isto também o Peixe dizia.
Mas muito mais tarde o Peixe tornou a falar.
"A vida, como existência que é,
Realiza o Ser.
O que terás Tu a contar,
Quando o sal que te constitui
Se sumir?
É uma pergunta cuja resposta somente Tu poderás esclarecer.
Pois este trajecto que se talha,
Que desbravamos cuidadosamente e corajosamente,
Dia após dia,
Dá-nos a nossa Forma, ou até a nossa Fórmula,
Que, consoante a mesma, tem o potencial de nos sublimar, e atingirmos o Auge".
Este Peixe era muito chato,
No entanto terá sido o primeiro filósofo e, como detentor do Monopólio Filosofal,
Triunfou vorazmente na
Estrutura Capitalista Ictióide da Pré-História.
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