20.12.04

Pictograma Narrativo

Como num amanhecer soturno, raiava o Sol, fúnebre por detrás das colinas. Árvores frondosas e pássaros chilreantes rodeavam um imenso lago azul, cristalino. Mas grandes nuvens cinzentas, aterrorizadoras, enchiam o céu de mágoa, como que ferido pelos raios solares que forçavam a sua passagem. Cedo, começou a chover. O céu estava já completamente em breu, como se a noite tornara a entrar em palco para mais uma tenebrosa actuação. Violentíssimas gotas perfuravam o solo, cantando uma sinfonia ditonal, ensopando a terra, enchendo os lagos, aliviando o céu de toda a sua dor. Por horas a fio
assim aconteceu, não se adivinhando um fim. Até que finalmente a claridade começa a despontar, o som agressivo da bruta chuva amansa, lentamente, lentamente, até que do céu não cai mais, deslizando apenas, suavamente dos ramos das árvores. No entanto à medida que se dissipam as nuvens, a noite cai célere, dando o Sol lugar às mais brilhantes estrelas, especialmente cintilantes devido à ainda húmida
atmosfera, recriando um espectáculo luminoso assaz deslumbrante. Um rico cheiro a terra invadia o ar e pululavam já os animais nocturnos.

Tudo isto viu Alberto num só dia. Mais tarde ainda, um jovial garoto irá disparar o tiro fatal entre os seus (de Alberto) estranhamente perspicazes olhos. Assim acaba esta estorinha de quem alguém muito irá falar, garantindo ao seu autor fama internacional.

Viva a Revolução (que ainda não chegou, há de chegar).

1 Comments:

At 4:24 da tarde, Blogger impulsitem said...

pauzinhos de gelado!

 

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