Cinema
Calado, ansioso, paciente. Nada. Tento ser superficial. Sim, superficial, o que não é nada mau pois há coisas neste planeta que tendem a ser hipocritamente encobertas pelo que a superfície é o melhor refúgio na relação inter-pessoal.
Sentimentos profundos, tão nossos, já não se usam ou se calhar sou eu que estou fora do contexto e não consigo entrar por mais que tente. “Amanhã és minha e depois logo se verá, depende dos ventos e das marés” dizem. Eu sou mais “Começo amanhã e espero que não acabe”. Viverei eu no século errado?
Espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, e… nada. Do que eu quero é como eu. Antagonismo, contraste em relação ao resto. Se calhar está bem para mim, porque eu penso assim. Mas esta era a vez de ser tudo ao invés do que sou…
Marco terreno e volto a esperar que mude para a normalidade actual. Se calhar marco tão fundo que em algum dia poderei alcançar o objectivo mas o buraco em que me coloquei é tão fundo que não chego à tal superfície e morro.
Avisto o posto, está bem perto de mim, mas não lhe posso tocar. Nem pensar! O efeito pode ser reversível e futuramente irreversível.
Luzes, cenários, palavras soltas. Neste colectivo de filmes a que alguns gostam de chamar “amor” eu prefiro dizer que tudo é uma droga que causa bem-estar mas é egoísta e mata lentamente. Quero ver outro fim para os filmes.
É este o nosso cinema.
28 de Setembro de 2004, uma hora.
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