as minhas mudanças: fartura
como posso ser a mesma pessoa de sempre?
cum raio, já mudei de casas para cima da meia dúzia de ocasiões e posso bem fazer um retrato mental de mim em cada cenário doméstico. o que já respirei em determinadas divisões, o que já pensei em certas posições, o que já sonhei em dadas atribulações mais os caminhos peritos das vias circundantes.
ontem de noite, podendo percorrer uma rua pela bissetriz do ângulo duma estrada que desembocava - porque as mesas dos cafés vão sendo sucessivamente ocupadas e os seus utentes ignoram o que lá houve antes, secalhar já não - numa praça, encontrei-me numa geometria inédita, os volumes entorpeciam-se e eu levitava, de braços estendidos ao fresco.
como posso ser o mesmo?
não sou, faz parte de mim mudar e mudar-me. eu não sou o que sou, eu sou a(s) minha(s) mudança(s).
não posso ser o mesmo mas sou, visto que sou. não sou é igual ao que ainda não era, antes do que me marca ou simplesmente passa.
não sou a mesma pessoa depois de ter lido um som ou ouvido umas imagens ou visto umas letras(ha-ha), a arte pode tomar-me (mais) alguma consciência, perceber-me a modificar-me do que 'simplesmente' acordando todos os dias, (porque) conheço, tenho, sou mais.
o medo da diferença sentida é por não me lembrar do que me faz mostrar-me assim e não corresponder ao que pensava que continuava a ser, que só por mudar é que sou igual.
cum raio, já mudei de casas para cima da meia dúzia de ocasiões e posso bem fazer um retrato mental de mim em cada cenário doméstico. o que já respirei em determinadas divisões, o que já pensei em certas posições, o que já sonhei em dadas atribulações mais os caminhos peritos das vias circundantes.
ontem de noite, podendo percorrer uma rua pela bissetriz do ângulo duma estrada que desembocava - porque as mesas dos cafés vão sendo sucessivamente ocupadas e os seus utentes ignoram o que lá houve antes, secalhar já não - numa praça, encontrei-me numa geometria inédita, os volumes entorpeciam-se e eu levitava, de braços estendidos ao fresco.
como posso ser o mesmo?
não sou, faz parte de mim mudar e mudar-me. eu não sou o que sou, eu sou a(s) minha(s) mudança(s).
não posso ser o mesmo mas sou, visto que sou. não sou é igual ao que ainda não era, antes do que me marca ou simplesmente passa.
não sou a mesma pessoa depois de ter lido um som ou ouvido umas imagens ou visto umas letras(ha-ha), a arte pode tomar-me (mais) alguma consciência, perceber-me a modificar-me do que 'simplesmente' acordando todos os dias, (porque) conheço, tenho, sou mais.
o medo da diferença sentida é por não me lembrar do que me faz mostrar-me assim e não corresponder ao que pensava que continuava a ser, que só por mudar é que sou igual.
4 Comments:
e no fim, queremos sempre ir embora daqui. e depressinha.
mudei depois de te ler ;)
e só juntei ingredientes naturais!
eu sou.
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