18.4.05

versos, cddc uh? ok.

tens tempo?

só pálpebras indistintas
na multitude de mentiras ambulantes
mas
Aquela Moldura
nos sonhos reais em que aparece,
sugestionado pelo fascínio que me foi confiado e
ao qual me vou escapando,
Ela
confunde-me 123 vezes ao dia
e ainda me parece que
tenho a obrigação de perguntar.

um velho cego e amargurado
seguro quando o jogo não se inverte
mais se houver infelicidade é porque fui egoísta.

ao longo das pestanas
assinaladas por furtivos olhares apaixonados,
o sentir de uma recordação do calor cinzento que
nunca há-de desaparecer.
seja já um desperdicio que nos pesa, impede a entrega
pois que guardamos uma esperança de ter saudades do futuro

procurar o equilibrio em que não se prova nada a ninguém
precisar de arriscar entregar a vida ao nada
ser um contrário por conhecer
sem medo de estar seguro e certo de cometer um erro

às vezes ouço
- estou sempre a ouvir peço desculpa por isso -
e imagino se não sou também, se posso também poder ser assim
existir
como o que quiserem
para todos
nunca próximo de ninguém

porque não conheço as razões
perco os meus recortes quando me sinto mal

até os pássaros se fartam dos ninhos
estão bem enquanto não vivem de memórias
cansados, rumam expostos ao ridículo

tudo igual
- e há ainda quem se não canse -,
sempre o mesmo,
mas
não pensemos nesses esconderijos que aí vêm e
ouçamos uma melodia pateta e alegre.

infantil e comum,
só que em maneiras inéditas de ouvir dizer
'queres vir comigo?'