5.11.05

Regressos

No regresso de um herói morto morrem também as pessoas que o saúdam, a esperança que perdem com a arte do luto.
Era o mito que nos carregava e mordia os calcanhares. “Corre” dizia ele, e assim o faríamos a qualquer hora.
O batalhador de horas vagas acabava de chegar à campa e ainda tinha que aturar todas aquelas personagens lacrimejantes, focos trespassantes de câmaras, olhares indiscretos dos curiosos.
Todos queriam ser como ele, era modelo de gerações sucessivas e um dia também ele acabou. Pensaria que seria aos 50, 60 e foi aos 89.
Por tua saúde e dos teus desposa-te do passado ou morrerás lentamente.
Ámen.