28.6.05

diz 'posição' - pensa lá bem II


ambuladores dos indecisos percursos vitais complexos adverti

não façam vosso caminho um pé atrás do outro
progridam antes um pé à frente do outro

falso reluzir de construção cimentada e prudência
que isso de escamotear arrecuas de passos de avanço é prestação
dos hipócritas regurgitadores verborreicos de balelas

eu, cooperante na busca do pulo civilizacional.

diz 'posição' - pensa lá bem I


aconselhei os bravos detectives de chicago
quando persigam os fugitivos
não ordenem 'atrás deles!'
prefiram 'à frente deles!'
ou ainda que seja 'lado a lado com eles!'

podem assim deitar-lhes a mão ao invés de os avistar inalcansáveis
a cagar de alto para o nome da lei impotente perante a bela anarquia

eu, dedicado ao fito ganguesteres cercados.

27.6.05

Conto de Obediência

"Ora deixe-me aí, Lorenzo". Deixou. O facto é que nunca mais o vi. Era um bom rapaz.

26.6.05

Sociedade Anónima S.A.


Ele era diferente de todos os outros energúmenos que encontrara em todos os empregos que teve. Fora ajudante de canalizador, trolha, cozinheiro, só ajudante.
Todos os dias comia a mesma sopa de legumes que a mamã lhe fazia até ao dia em que ela lhe faltou, vivia agora na cova nº 55 do cemitério da Boa Viagem. Vive agora sozinho com o Milu, um cão rafeiro que anda com as duas patas da frente arrastando as outras. Sempre havia sido habituado às melhores refeições da gastronomia canina e agora come os restos do novo dono, amendoins, cascas de tremoço e côdeas de pão. Apenas à semana pois nos outros dois dias chega a maninha Josefa vinda dos lados de Loures para o 3º andar do prédio azul da Rua Salgueiro Maia, Caxias.
Solteira e infeliz, Josefa procura um marido há 26 anos, desde que saiu do colégio de freiras, sem sucesso. A verruga no meio do seu nariz oblíquo e empinado não ajuda. Arruma o T1 agora do irmão ao sábado de manhã, faz o almoço, o jantar e no tempo vago vê televisão, só. As únicas palavras que os dois trocam são “Não mudes”, um quando vê o compacto da novela e o outro quando dá o Benfica.
Num desses loucos dias por entre a porta de madeira neo-zelandesa pré-revolução passa uma carta de tom alaranjado. Josefa ainda se apressa a abrir a porta mas ninguém aparece. No seu jeito maternal abre a carta com todos os cuidados enquanto o irmão faz a barba ao som de uma música do Júlio Iglésias, sem ele se aperceber.
Em letras minúsculas leu – a encomenda chegou. Dirige-te lá na segunda às 4 – soltando um grito. Seria droga?
O irmão não ouvira.

25.6.05

Novos Novos Contos do Gin

"Ah eu?" - pergunta Procópio Banana com o seu bigode fino oscilando como um berzuque. Um gin tónic em gelo ocupava-lhe a mão direita, ao passo que a esquerda segurava o seu paletó, com firmeza. Levanta-se.
"Não pensava que o apanhávamos pois não?" - inquiriu o espião, com uma 38 em punho apontada ao torax do espiado. Um cigarro (um Old Stone) pendurava-se-lhe do canto da boca, deixando cair alguma cinza para os sapatos.
"... Quer algo para beber?" - inquire Procópio Banana fazendo um movimento em direcção ao armário das bebidas.
"Não se mexa! Não, não quero nada para beber... um espião não pode beber em serviço, ainda acabamos a noite nalguma valeta em Marte, e bem sabe que o salário dos espiões não dá para viagens de ida e volta para Marte!"
"Desculpe! Não era minha intenção! Apenas para descontrair, parece tenso". - disse Procópio com uma expressão que não enganava ninguém.
"Bem,... seja! Uma ginginha-kirsch, então. Mas nada de movimentos bruscos!"
"Não se preocupe!" - enquanto se dirigia para o armário para preparar as bebidas, ginginha-kirsch para o espião (que entretanto se sentava numa poltrona), e mais um gin tónic para ele. Surrepticiamente palma o abre-garrafas, e mete-o ao bolso. A 38 continuava bem apontada a ele.
"Então, conte-me lá, como é que você se foi meter nessa encrenca do HERALDO MAGAZIN ?" - disse o espião enquanto Procópio Banana lhe passava o copo para a mão.
"Ah... isso foi já há muito tempo. Um tal Sargento-mor chamado Luc Gratin (que agora acho que é Tenente-Coronel na Armórica) tinha-me falado de que havia dinheiro a ser feito na indústria da imprensa. Eu na altura tinha acabado de sair da escola de advocacia, mas tinha herdado por sorte uma pequena fortuna de um tio que falecera uns bons dois anos antes desse episódio. Adiante. Decido então investir num pasquim chamado O Abrunho. Tomo atenção total ao capital, mas concedo a liberdade literária aos escritores, exigindo no entanto a mudança do nome do jornal para HERALDO MAGAZIN em homenagem ao meu tal tio Heraldo visto que sem a sua morte, e que Deus o tenha entre os dele, nada teria sido possível. Pois ora bem, para cortar a história mais miúda, que o resto é já conhecido, à medida que os anos passavam o HERALDO começou a tornar-se mais e mais popular e os lucros aumentavam. Mas com os lucros vinham também as despesas e começava a ser acossado diariamente pelos credores. Acontecia que me tinha já habituado a uma vida de luxos. Um punhado de casas por todo o lado, casamentos e divórcios em períodos regulares de dois anos, carros, iates e etcétera: as coisas não corriam bem, começava a ficar endividado até ao pescoço! Era o declínio do meu império. Decidi então passar o HERALDO à concorrência, que se lixasse, o que importa é a saúde. No entanto, sem fonte de rendimento segura estava condenado a arranjar outra maneira de fazer pela vida. Ora, apesar do bacharelato em advocacia, já não me via como um simples advogado, eu que havia sido um dos homens fortes do país. Ora por isso mesmo pus-me a pensar. Ao longo dos anos tinha criado várias amizades com figuras políticas, importantes ícones nacionais. O General Bonafraga, o ministro da Arménia, o Correia Sagão, e até com o Presidente. Com o meu jeito para o negócio, decidi oferecer-me aos soviéticos, que tinham que chegasse para me pagar as hipotecas lá com a perestroica deles. Mas atenção, não sou comunista! Antes morto que vermelho! Só que... num mundo cão, temos todos de nos desenrascar. E agora chamam-me culpado, sou culpado eu? Eu, um homem temente a Deus, que nunca matei ninguém, sou culpado?"
Por esta altura o espião havia já sorvido duas ginginhas e um vodka duplo, sem gelo. As pálpebras caíam-lhe cansadas, e a mão direita afrouxava o aperto na 38. Subitamente esta cai dura no chão: o espião adormecera. De imediato Procópio pega no saca-rolhas e espeta-o com violência na garganta do espião, forçando e torcendo, um, dois minutos, até ele parar de estrebuchar. Então levanta-se, acaba o seu gin tonic e parte para França, para os castelos.

23.6.05

as minhas mudanças: fartura

como posso ser a mesma pessoa de sempre?
cum raio, já mudei de casas para cima da meia dúzia de ocasiões e posso bem fazer um retrato mental de mim em cada cenário doméstico. o que já respirei em determinadas divisões, o que já pensei em certas posições, o que já sonhei em dadas atribulações mais os caminhos peritos das vias circundantes.
ontem de noite, podendo percorrer uma rua pela bissetriz do ângulo duma estrada que desembocava - porque as mesas dos cafés vão sendo sucessivamente ocupadas e os seus utentes ignoram o que lá houve antes, secalhar já não - numa praça, encontrei-me numa geometria inédita, os volumes entorpeciam-se e eu levitava, de braços estendidos ao fresco.

como posso ser o mesmo?
não sou, faz parte de mim mudar e mudar-me. eu não sou o que sou, eu sou a(s) minha(s) mudança(s).
não posso ser o mesmo mas sou, visto que sou. não sou é igual ao que ainda não era, antes do que me marca ou simplesmente passa.
não sou a mesma pessoa depois de ter lido um som ou ouvido umas imagens ou visto umas letras(ha-ha), a arte pode tomar-me (mais) alguma consciência, perceber-me a modificar-me do que 'simplesmente' acordando todos os dias, (porque) conheço, tenho, sou mais.
o medo da diferença sentida é por não me lembrar do que me faz mostrar-me assim e não corresponder ao que pensava que continuava a ser, que só por mudar é que sou igual.

22.6.05

Hoje

Chama-se a parte amorfa da nossa juventude.
Acorda todos os dias à mesma hora, vai à escola a contra gosto e no fim do dia senta-se ao computador para escrever um pouco aos amigos, aquilo que não tem coragem de dizer frente-a-frente. Vê os e-mails, manda beijinhos para este, faz que ri por aquele, melhora a relação com o outro.
Na nova moda todos têm um blog. Dir-se-ia que era para dar uma visão particular do mundo… não, o que interessa é dizer em letras o que não se diz por sons, em romantismos bacocos, sentimentos vazios do prazer instantâneo. Escreve-se o nada como tudo no nada que é a sua presença do tudo da existência humana.
Jornais, notícias não é para eles, leitura idem. Não aprendem com os grandes pensadores do passado, Platão, Sócrates, Kant, Engels, Marx, reduzem-se ao “seu” mundo.
Carregam a herança da democracia a todo o custo, da ideia errada de liberdade dos EUA, país mais evoluído.

Todo o mundo está contra eles. Têm casa, comida, aquecimento, televisão, computador, vivem bem. Acham que o feito está em esperar pelo bem, que nunca chegará de facto.
O que interessa é vestir as melhores marcas, criar inveja nos pares.
Quando nasceram já só ganhavam Porto, Benfica, Sporting, PS e PSD e acham que assim é que é a ordem natural das coisas. Aprendem com os pais a amar a bandeira política sem saberem sequer o que ela diz. “O comunismo é mau porque me tiraria as minhas roupas para dar aos pobres… Eu sou boa pessoa, dou esmola de vez em quando” – Seguem as frases feitas mais do que nunca, sentem-se bem na ignorância e marginalizam os sabedores.
Têm como pensamentos principais “preciso de mais roupa”, “ir ao café”, “tristeza”, “amor impossível” e com base nisso diluem os seus romantismos parolos, sentimentalismos ocos.
Ignoram os problemas do mundo. Força reivindicativa, de luta ZERO. Têm mais medo do que os seus homónimos na altura do Estado Novo, seus pais. Tudo o que implique esforço é afastado de suas mentes brilhantes da falta de uso.
Para a maioria, quando sabem, Cunhal era o director lá dos comunistas e de franco, nem o espanhol nem a moeda, Curchill é marca de pasta de dentes.
No futuro ir-vos-ei falar mais profundamente acerca do equilíbrio de civilização. Desta vez apenas digo que hoje em dia este grupo é grande, o mundo desequilibra-se, e pára.
Bem sei que pouca gente lerá este texto, por ventura, uma data de coisas sem nexo de um maluco que não tem mais nada que fazer.
Triste
Triste
Triste
Eu, porquê?
Adeus.

De volta por desejo popular, em reedição - O Protagonista I - Uma cidade interessantemente descolorida

Era uma noite fresca. Noite, quer-se dizer… digamos que era naquela altura em que nem é de noite nem é dia. Desponta já luminosidade do céu, mas sabemos que o saudoso astro não se mostrará por ainda uma boa hora. Pelas ruas soprava um vento leve que enrijecia as pernas e as pedras nos passeios, sobre as quais andava a passo apressado o Protagonista. Tinha acabado de chegar a esta cidade, e assim que pousara os pés no chão começou a andar, a andar. Às suas costas levava uma mochila com tudo o que lhe pertencia. Um lápis tosco e curto, uma resma de folhas, uma manta e uma muda de roupa. Nos seus bolsos, tilintavam umas moedas já gastas e um canivete para o que desse e viesse. Enfim, os objectos básicos de sobrevivência.
A viagem tinha sido razoavelmente confortável. Seis horas num comboio ferrugento e barulhento, num amontoado vagão de terceira com cinquenta outras pessoas, mudas, viradas para si, partilhando apenas o som industrial da máquina e os gritos dos animais assustados que muitos traziam. O mote psicológico apropriado para com o que se iria deparar.
A cidade a que chegara era-lhe desconhecida, no entanto caminhava com tanta determinação que se poderia supor ser nativo da mesma ou, quanto muito, um sujeito extremamente orientado para as coisas. Depois de 20 minutos a andar o Protagonista pára finalmente, tendo encontrado o que necessitava. Abriam os primeiros cafés e entra ansioso no mais próximo, pedindo um café, enquanto se senta. Um homem oleoso de mãos oleosas serve-lho numa mesa e durante largos, larguíssimos minutos saboreia-o, apreciando o seu odor forte, o sabor a queimado e o calor que emana. “Ahhhh…” Leva as mãos aos bolsos e apercebe-se de que talvez não deva gastar já o pouco dinheiro que tinha. Sabia ele quão úteis poderiam esses 60 escudos vir a ser. Espera então mais uns instantes e no minuto em que o dono do café se ausenta para uma visita aos lavabos, sai o Protagonista de cena para a rua, com ar natural.
Gostava de se chamar um escritor, e à custa disso tinha sempre vivido. Uma puta literária, poderíamos lhe chamar. Pequenos poemas ou grandes romances, já os tinha todos feitos. Não por ganância, explorando as suas habilidades, mas apenas para poder encher as entranhas de tempos a tempos e dormir sobre telhas quando pudesse.
Prosseguindo a sua deambulação apercebe-se de que, mesmo que ainda agora tenha chegado percebe que esta cidade nada lhe tem para oferecer e lamenta a sua escolha em ali prosseguir a sua vida. Um mero espelho (não, um clone!) de qualquer outra grande cidade, encontra-a totalmente desprovida de carisma, e em cujos cidadãos se denota uma infelicidade e raiva reprimida, fruto podre de uma urbanização desenfreada e caótica, onde as diferenças sociais são bem patentes. Uma autêntica cidade dos mortos, onde as pessoas perderam a alma ao deixarem-se ser controladas pela máquina corporacional, em prol da tecnologia e das ilusões de um futuro melhoramento da vida, que se sente estar a escorregar pelo ralo abaixo, ou não, já escorregou e habita agora um esgoto fedorento.
Continuando a sua caminhada pela cidade, tentando perscrutar pontos de interesse numa metrópole que parecia nua dos mesmos, tal era o aspecto industrial e comercial da mesma, prossegue agora pelo porto, olhando o mar “bravo, gelado Atlântico, tortuoso” como tinha uma vez escrito há muitos muitos anos. Encontra então um cartaz oferecendo trabalho, dinheiro e comida, carregando mercadorias para um navio (de carga, ora pois) sul-americano. Rápido de raciocínio, o Protagonista apercebe-se da felicidade desta proposta, pois eram-lhe assegurados os recursos que lhe permitiriam escrever pelo puro prazer e não mais, e poderia finalmente ter um trabalho a sério, cujo dinheiro extra lhe daria maior flexibilidade para uma próxima viagem. Procura então o capataz, e alista-se de imediato.
Durante as próximas semanas trabalha duramente de dia transportando caixas, e de noite escreve até lhe doerem os olhos, as mãos e os dentes do frio, que caía impiedoso no cais. Não sai da zona portuária, tal é o desprezo que sente pela cidade, considerando já sua prerrogativa o total corte de relações com esta aberração urbana. Assim concentra-se apenas no seu trabalho e na sua escrita, com resultados positivos, até que no final do 30º dia, o dia final dos trabalhos, contava já com uma soma razoável que lhe permitiria viver descansado pelos seus meios por uns tempos e tentar a sua sorte noutra terra, preferencialmente uma que não tivesse vendido a sua alma. Entra em jogo de rompante o Destino, pois por sua sorte ou grande azar é-lhe feita nova proposta tentadora que teria dificuldade em recusar. No final do dia de trabalho então, o capataz aborda-o congratulando-o pelo bom trabalho deste último mês e expressa o desejo de poder contar com ele na viagem de regresso à América do Sul, incorporando-se na tripulação. Como tão bem adivinham irão começar aqui as verdadeiras desventuras do nosso herói, por terras desconhecidas e de infinito interesse. Boa viagem, ó Protagonista!

(continua, ora pois)

Suspense...

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até mais blogo

20.6.05

O Protagonista, II - uma cidade interessantemente colorida

II

O Protagonista acorda sobressaltado, dando um pulo na sua rede que quase o atira para o chão. O mar tornara-se mais e mais violento, e podiam ouvir-se os trovões e a chuva grossa que caía sobre o convés. Na divisão onde estava, embora pequena, dormia o resto da tripulação, excepto o capitão, claro. Juntava-se assim a tempestade aos roncos, e na escuridão, clareada apenas pela fina luz lunar e o ocasional relâmpago, o Protagonista, entediado pelo sono, levanta-se e dirige-se ao convés para apreciar a noite violenta que tão bem lhe ficava no espírito, cansado dos mareios, ansioso por terra debaixo dos pés. “Amanhã chegamos…”, murmurou baixinho. Um sorriso esboçou-se-lhe no rosto.

Um porto movimentado, um reboliço que feria os ouvidos habituados à calma do mar e às sinfonias da Natureza. O Protagonista permanecia imóvel mas impaciente à ré, esperando a atracagem. Com um “adeus, obrigado!” rápido, desceu para o porto e avançou determinado.
Um grande corredor levava-o ao centro da cidade, por mercadores vendendo várias tralhas, cantando como pássaros desafiando-se uns aos outros. O nosso Protagonista, no entanto, não se poderia involver nessa luta pois tinha obrigatoriamente de se agarrar o mais possível aos seus últimos escudos, e tralha era algo que não tinha lugar na sacola que levava às costas. Por isso continua. Continua, continua, continua.
Pelo caminho observa uma cidade interessantemente colorida. A zona portuária repleta de agitação dá lugar ao centro da cidade, repleto de agitação. Uma feira, alguma festa popular, ocupa uma avenida, repleta de flores e lanternas de papel, música popular explodindo de uma esquina próxima, com crianças a correr, brincando aos generais e aos coronéis, aos heróis e aos vilões, às doenças e ao amor. “Hmph, deve ser algum feriado comunista”, pensa, enquanto admira a felicidade que vai no rosto dos patriotas. Decide então, como diversão, ele que sofreu de aborrecimento por duas semanas no alto mar, juntar-se ao povo, no seu contentamento, e enfila-se para uma sandes cozida pelo calor, e uma cerveja desinteressante, distribuídas gratuitamente por um homem muito muito velho, com pele de tartaruga e os ossos proeminentes por debaixo desta. Um sorriso enternecedor preenchia-lhe o rosto, no entanto. “Homem, és novo aqui, não és?”, dizia o velho enquanto lhe passava para as mãos a sandes; “Ha, ha… sim… Acabei de chegar de barco, … o que se passa aqui? Esta festa?”; “Ah, homem,… isto é a festa das Luzes! Não há melhor que isto em todo San Domingo… vai homem! Vai e diverte-te!” disse ele, com um brilho nos olhos como se se lembrasse por momentos dos tempos em que fôra um jovem como qualquer outro e não um velho de pele de tartaruga e os ossos proeminentes por debaixo desta. Tempos em que vivia uma felicidade que agora apenas podia experimentar quando a vivia nos outros. “Ai, ai…”, deixou escapar enquanto o nosso Protagonista tomava a primeira dentada com os olhos postos num grupo de raparigas em vestidos coloridos, já à luz das lanternas de papel, com a música mariachi a tocar, e elas bailando, dançando, girando, como graciosas borboletas.
Finalmente, ao cair da noite, com os pés dormentes de tentar acompanhar os nativos nas suas danças, senta-se num banco de jardim com as costas sobre a madeira e decide fechar os olhos, imaginando as estrelas (agora completamente diferentes, estando ele no hemisfério sul). E saboreia o seu cansaço, um bom cansaço, e uma memória. A única memória que à mente lhe poderia vir. “… Queria-te aqui comigo, Helena”.

19.6.05

Abílio J

I

Um terrível calor abatia-se sobre a terra. Trabalhadores de enxada nas mãos, grandes e rijas, limpavam as gotas salgadas que lhes escorriam da fronte, percorrendo as curvas acentuadas das suas caras, esqueleticamente magras, até caírem na terra, cristalinas, penetrando pelas rachas do solo seco, sequíssimo, infértil, moribundo.
Era o fim da tarde. Dentro de pouco tempo tocariam nos sinos as Trindades, altura do regresso, pelos caminhos poeirentos e irregulares, feitos tortuosamente por quem não aguenta mais o peso do próprio corpo sobre os sapatos.
Casa. Um pedaço de broa, rijo como os cornos de um bode que morreu de velho, e uma cabeça de sardinha, sobre uma mesa manca e roída pelos bichos. Após a refeição, leva a mão ao bolso que ainda se não rompeu, e tira com cuidado um canivete, prenda do seu pai, que Deus esteja com ele, lho ofereceu pelo seu décimo-oitavo aniversário. Sempre cuidara bem dele, polia-o todas as noites, e afiava-o, e limpava-o. Mas hoje não. Hoje era, afinal, um dia diferente. Hoje a vingança do seu pai iria ser finalmente consumada.


II


Acerca-se da janela. É já noite, e uma fresca brisa entra nos seus pulmões, inflando cada alvéolo. Sem nuvens a ofuscar, um resplandecente luar, simétrico do Sol abrasador, ilumina-lhe a face, e vitaliza-o. Toma um longo fôlego absorvendo-se na beleza celeste, e decide sair. “Ainda é cedo” pensa, e vagueia em direcção ao freixial, acompanhando o riacho, cuja água reflectia a lua, cada vez mais brilhante e cheia. Chega à nascente e decide sentar-se pois ainda muito lhe doíam os costados da jorna. Tira mesmo os sapatos, sujos de terra e gastos pelo uso, e mergulha os pés na água doce, recostando-se para trás, amortecendo-se sobre um montículo de grama caída. Com a mão posta em cima do peito sob a camisa já desabotoada, recorda os acontecimentos na antecipação do resto desta noite.

18.6.05

É

Fenícios, Celtas, Romanos, Suevos, Visigodos, Árabes, Africanos, Ingleses e...
PORTUGAL AOS PORTUGUESES

dry up

petite educação sentimental

há bocado, ao jantar, o meu irmão mais novo vira-se para mim e diz:


e continuámos a comer.


excepcional(mente)

17.6.05

negócio

a região do mundo onde vivo permanecerá no terceiro mundo até acabar com o calor. até lá, planeio uma mudança para paragens mais frescas. frias.
qual vida, acordado de noite, a dormir de dia.

Ufa...

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...o Scolari já se via a começar a trabalhar.

16.6.05

PREC

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15.6.05

sorte segunda

sem o segundo não há primeiro, faz um favor ao primeiro, o favorável segundo.

criatividade dialética, eu já (não) sei

estou
e não tens nada para fazer não fazes nada
parvinho estou sempre a fazer alguma coisa
há pouco ajoelhado à varanda a olhar para ontem
e a tentar recuperar
as famigeradas ideias geniais
bem boas não fosse tudo mas levar de mim e da humanidade
desculpas com estados narcolépticos para fugir da tua culpa
fuga para a frente meu caro
tinhas obrigação
de nada
com os meios que hoje há e tens à disposição
com essa disposição vais é descambar no que é importante
realmente isso não é importante
alturas em que aquilo é a plenitude aliquo
à luz do sucesso normalizado para o rendimento e
e duma razão inexistente para esta hierarquia de prioridades
e do emprego do tempo na utilidade produtiva e
e duma orientação para esta aleatoriedade bem vejo e apalpo
e da eficácia dos ganhos do e para o progresso e
e duma explicação que falta para esta minha tristeza
é o que represento
podia ser a razão
já estás com medo de não ter tudo
o problema é-me que me é não terei estado tanto
SURPRESANOVIDADENOTÍCIA
é sempre a adiar
adiar o quê
vou conquistar o mundo e é já
precisas do discernimento de outros
por esta vez falas
que possas concordar
e me sinta junto de na hipotética solidão que não equacionara
sempre foi assim
não

14.6.05

Arte e História

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13.6.05

Ultimato - prólogo

Deixai cair
O Mundo fez-se num instante
E efémera será a tua passagem
Logo aproveitemo-la já
Ou deixar-te-ei cair.

12.6.05

tão diferente

comoção por vocês
não devem imaginar coisas mirabolantes
que existem

9.6.05

Na Sequência

Evolução - Mudança - Construção - Espera - Dor - Alegria - Emoção - Consolidação/Recuperação - Objectivo - Transformação - Estabilidade - Prosperidade - Calma - Evolução.

7.6.05

Untz

» SWEET LITTLE SIXTEEN

Hugo Gonçalves


Eles entram no comboio da meia-noite. Em Cascais, no Estoril, em Oeiras. Trazem uma garrafa de J&B (15 €), outra de Coca-Cola de litro e meio (1,95 €). Misturam o whisky na garrafa de refrigerante. Bruno tem uns ténis Nike (150 €), Duarte calça uns Reebok (80 €), Tiago tem uma camisola Billabong (80 €). Cada um recebeu uma nota de 20 para sair nesta noite de sexta-feira. O gargalo de plástico circula pelas bocas – não se trata de um método de poupança ou de falta de dinheiro para beber, mas de um ritual de afirmação, de um rápido expediente para abandonar a sobriedade.

Eles têm calças descaídas que quase lhes mostram o rabo. Têm fitas ao pescoço que seguram as chaves de casa. Substituíram as clássicas camisas de riscas por camisolas com gorros, os sapatos de vela por ténis. Dizem: “Isso já não se usa.”

Eles crescem na linha de Cascais. Confessam que não sabem de nenhuma recessão económica, que continuam a receber o mesmo dinheiro. Têm 16 anos. Nasceram em 1988, a primeira geração filha da União Europeia, dos dinheiros comunitários, da prosperidade cavaquista. Nasceram no ano em que o programa Humor de Perdição, de Herman José, foi censurado na RTP, no ano em que Gorbatchev visitou as Nações Unidas quase três década depois de Kruchtchev, quando faltavam meses para que David Hasselhof, o actor da série Marés Vivas, desse um concerto para milhares de alemães celebrando a queda do Muro de Berlim.

Eles não se lembram do país sem auto-estradas, dos carros revistados na fronteira com Espanha, do mundo sem internet, sem telemóveis.

O comboio pára. Grupos de adolescentes saem, movem-se no túnel da estação de Alcântara. Escolhem diferentes saídas. Eles separam-se das amigas. Duarte diz: “Caga nisso, elas querem ir para o W.” Tiago explica o roteiro da noite, enumera as discotecas, todas em redor da estação de comboios: ABS, W, Garage – a mais popular entre os adolescentes –, e o Queens, onde a marca de roupa Billabong organiza uma festa. Pagam 12 euros na entrada. Entregam as senhas no bar. Whisky com Coca-Cola. Tiago, o mais precoce, é o único que não fuma. Com dez anos frequentava as matinés do Bauhaus, no Estoril. Com 11 iniciou-se nos cigarros. Com 16 acabou com o vício.

No domingo, sentam-se numa esplanada de praia. Há cinco rapazes com camisolas Billabong. Há ainda óculos de sol Von Zipper (80 €). Uma moto de 125 centímetros cúbicos (3 mil €), para a qual seria preciso carta de condução que o dono não tem. Estudam em liceu oficiais. Frequentaram colégios privados mas, na adolescência, pediram aos pais para os mudarem para o ensino público. Mais liberdade, menos carga horária, e a suspeita de menos controlo dos professores.

O aparelho nos dentes de Madalena dificulta-lhe a articulação das respostas, tal como a impaciência quando conta que chumbou por faltas a todas as disciplinas: “Não, não sei o que vou fazer.” Depois do castigo, voltou a sair uma vez por semana, com horário de chegada decretado para as sete da manhã. Recebe, nessas noites, e como quase todos os outros, 20 euros.

Há coisas que lhes parecem seguras porque são comuns entre todos. Semanada de 15 a 30 euros. Telemóvel. Quarto equipado com televisão, TV Cabo e computador com internet de banda larga. Dinheiro extra para roupa, para carregar os telefones. Duarte fala da inexistente gestão dos saldos: “Pomos 20 euros no cartão. No dia seguinte não temos nada.” Os amigos gozam com Miguel: “Este gajo gastou 70 euros só a mandar sms, a um cêntimo cada.” Sete mil mensagens escritas num mês, 233 por dia. Miguel tem a cabeça apontada para os ténis. Os amigos substituem-no na tarefa de responder: “Eram para a namorada.”

No ano em que os pais os inscreveram na escola primária, em 1994, Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul, anunciava-se o fim do cavaquismo com a revolta na Ponte 25 de Abril. Publicaram-se fotos de universitários em manifestações antipropinas – um mostrava as nádegas, outro segurava o pénis. O Benfica ganhou o campeonato nacional. Estreou Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.

Madalena chumbou por faltas mas aparece todos os dias na escola, a seguir ao almoço. Conversa com as amigas no outro lado da rua, fuma Camel e, perto das seis da tarde, regressa a casa, liga a televisão, senta-se ao computador para continuar a conversa com as mesmas amigas. Desta vez na internet. Utiliza o msn messenger. Interrompem-na para jantar em família. Regressa mais tarde, para falar nas janelas que saltam no ecrã. Deita-se antes da meia-noite.

Entre os adolescentes, o messenger tornou-se num engenho de contacto social que, como o álcool, dilui a vergonha e facilita a aproximação. Nos Salesianos, no Estoril – mensalidade, no 11º ano, de 303 € –, Rita Costa e Rita Pestana, psicólogas da escola, intercalam-se nas explicações sobre o uso compulsivo do messenger: “Têm mais à-vontade, podem dizer mais coisas. Não há o constrangimento físico de estarem frente-a-frente.” No messenger, não se mostram expressões faciais, desconforto físico. Para um rapaz que, em público e diante dos amigos, nunca iniciaria uma conversa com uma rapariga, basta, na segurança do seu quarto, abrir uma janela e teclar uma frase. O messenger dá-lhes liberdade, porque não é tão controlado pelos pais como era a utilização do telefone. Pode-se falar, pode-se mesmo ver os amigos durante as noites de semana. Trocam fotografias digitalizadas, utilizam microfones, câmaras.

No tempo sem escola, as horas de messenger ultrapassaram a televisão. Madalena diz: “Vejo a telenovela.” Duarte diz: “Sport TV”. Eles ligam o aparelho no quarto mas não lhe prestam atenção. Quase ninguém, neste grupo, vê noticiários, lê livros, jornais, revistas, nem mesmo as cor-de-rosa. Duarte responde, como se quisesse mostrar-se interessado: “Estou a ler Os Maias.” Depois ironiza, para não arriscar estranheza entre os amigos: “Há dois anos.”

Só dois deles têm actividades extracurriculares – fazem desporto federado. Francisco, que passou algumas semanas de verão em Inglaterra, a aprender o idioma, quer ser gestor. Os outros não sabem o que estudar. Não se interessam por viagens. Miguel diz: “Estive em Espanha com os meus pais e em mais uns países, mas não me lembro do nome.”

Internet, telemóveis que enviam fotografias, que produzem música. Num mundo global, eles não se interessam pelo resto do planeta. João Dionísio, psicólogo e director da Multivária, empresa de estudos de mercado, explica o desinteresse: “Estão na fase mais autocentrada da vida, em que se procura uma identidade pessoal, social e sexual. O uso que fazem do dinheiro – nas saídas, na roupa de marca – são tentativas de definição da personalidade. O facto de viverem numa microrrealidade privilegiada, como a linha de Cascais, isola-os mais do mundo. Depois, quando entram na faculdade, descentram-se.” Eles sempre receberam conforto. Confundem-no com preguiça. Uma normalidade que julgam intocável. Nos Salesianos do Estoril, as psicólogas dizem: “O conceito de esforço é diminuto. Estão habituados ao facilitismo, ao excesso de valorização das marcas, ao consumismo.”

Na discoteca Queens, o álcool desbloqueia a agilidade para a dança, o atrevimento das mãos. Duarte passa por uma miúda de saia, de botas, de t-shirt curta que mostra a barriga. Toca-lhe na cintura, ela aperta-lhe o nariz. O jogo infantil repete-se sempre que se cruzam, a brincadeira dos toques. Duarte regressa, informa os amigos: “Ela tem namorado e tem medo de ficar com fama de puta.” Ela tem 13 anos. Meia hora mais tarde tocam as línguas num sofá da discoteca.

Ricardo recorda uma noite no Garage. Como ele, uma rapariga que acabara de conhecer tinha de regressar no primeiro comboio. São sete estações para Ricardo chegar a casa, 19 minutos de viagem: “Não usei preservativo, foi uma rapidinha entre as duas carruagens.” Os amigos confirmam o relato. Nas discotecas, dizem, há mãos de rapazes dentro das calças das raparigas e, por vezes, a troca do favor. Duarte aponta para Catarina: “Ela curte com um diferente todos os fins-de-semana”. Ele, se pudesse, curtia com uma todos os dias.

Segundo um estudo recente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 16 por cento das adolescentes não usa qualquer contraceptivo, 32,9 por cento utilizou a pílula do dia seguinte.

Tiago analisa a pista de dança, diz: “Elas agora são mais atrevidas. Deixam de ser virgens com um gajo que nunca mais vão ver. Aqui são as maiores, mas na cama acanham-se.” Elas, como Catarina, como Madalena, comentam no domingo seguinte: “Eles querem comer e deitar fora.”

Há mais liberdade sexual, mais precocidade.

Outra vez a internet. Duarte mostra as fotos que as amigas lhe enviam pelo messenger quando conversam. Raparigas em biquíni, em posições sensuais. Ele tem imagens suas para retribuir. Na praia ou com óculos escuros. Há ainda fotografias de algumas adolescentes que, pela falta de discrição de alguns rapazes, começaram a circular. Há a história – e as imagens como prova – de uma miúda de 15 anos que se mostrou sem roupa ao namorado, dobrando-se sobre a câmara, apertando o peito. “Ela encornou-o, explica Duarte, e o gajo, para se vingar, mandou as fotos aos amigos, que mandaram para mais gente. Sempre que ela passava no liceu chamavam-lhe porca.”

Eram dez da manhã quando, num intervalo das aulas, numa rua perto da escola, Miguel e um amigo foram revistados pela Polícia: “Tinha um conto de ganza no bolso.” Miguel apareceu uma vez, como lhe mandou o juiz, na Comissão de Dissuasão para a Toxicodependência. Ficaram de o chamar mas, nos últimos dois meses, ninguém lhe telefonou. Os pais cortaram-lhe as saídas. “Fumei muito na altura do Natal, até na Noite de Consoada. Mas deixei.”

Um estudo do Instituto Português da Droga e da Toxicodependência, de 2001, diz que os jovens provam drogas cada vez mais cedo e que 14 em cada 100 alunos, com menos de 15 anos, já o fizeram pelo menos uma vez.

Na linha de Cascais, o álcool sempre foi mais valorizado que as drogas. Os mais ricos bebem, os mais pobres drogam-se – um legado da hegemonia da heroína, a droga mais suja, mais destruidora, agora de consumo reduzido entre os adolescentes urbanos. Mas o álcool é um teste à masculinidade. Um hábito de classe. Tiago diz: “O copos são melhores para um gajo se divertir.” Um shot num bar custa 1,5 euros, numa discoteca três euros. Entre a uma e as duas da manhã, dois adolescentes são carregados pelos amigos e vomitam na casa de banho do Queens.

Certa noite, Leonor acordou no hospital, com a ajuda de uma injecção de glicose, depois de entrar em coma alcoólico. Os pais foram buscá-la. Todos dizem que os pais sabem que os filhos bebem. Francisco conta: “A minha mãe já me ajudou a vomitar quando cheguei a casa.”

João Dionísio explica o consumo de álcool, de drogas: “Trata-se da partilha de significado com o grupo, da necessidade de procurar sensações, de experimentar. Eles não o fazem porque o mundo é mau, mas porque a música parece melhor, porque ficam mais felizes.”

Eles tinham dez anos em 1998, quando Suharto abandonou a presidência da Indonésia, quando Saramago ganhou o Nobel, quando inventaram o Viagra.

Os adultos costumam ter, em retrospectiva, uma ideia mais pura daquilo que foi o seu passado. Segundo João Dionísio: “Não existe, entre os adolescentes e a geração anterior, uma mudança da temática das emoções. Os impulsos são os mesmos.” Ou seja, o reconhecimento conseguido com as bebedeiras, o estilo e a maturidade dos cigarros, o risco das drogas, a ansiedade sexual. Mudou, no entanto, o tempo de iniciação. Em vez do embaraço ao entrar num clube de vídeo, há a pornografia na internet, e a possibilidade de conhecer estranhos em chats. Há telemóveis aos dez anos, saídas nocturnas aos doze: “Os miúdos do primeiro ciclo fazem imensa pressão junto dos pais”, explicam as psicólogas dos Salesianos. “E, como os outros saem, eles também querem sair. Só daqui a alguns anos poderemos avaliar as consequências desta precocidade.”

No final da tarde de domingo, sem ter de se preocupar com a tristeza que antecipa o despertador na manhã seguinte, nem com as aulas, nem com os trabalhos de casa que não fez, Madalena, a pensar no próximo fim-de-semana, diz: “Dantes é que nos arranjávamos todas para sair, agora nem usamos maquilhagem.”


(Os nomes dos adolescentes neste artigo foram modificados)


http://www.revista-atlantico.com.pt/05_Reportagem/Rep_04_2005.htm

4.6.05

título não relacionado

começa de mansinho
chega e chega-se
juntam-se-lhe mais
até que de repente
não explode
empurra noutras direcções

1.6.05

dúvida existencial

os dias estão maiores ou é a minha ligação à internet que está mais rápida?

mas

dia 1 de junho? ainda noutro dia era 29..