18.11.08

Está um fim de tarde apocalíptico.
O laranja nuclear assoma-se na paisagem
As gotas de sangue que espirram do ar
Os lagos de fogo que nascem no cume das montanhas
Os grifos de ferro que esventram Prometeu e os seus filhos.
Faz frio e não chove. Daqui a pouco será noite.
Está um fim de tarde apocalíptico.

8.11.08

Preencher o estômago unicamente
Com as quantidades necessárias
Excesso é fartura
Dor é azia.

(17/03/08)

Quando as lágrimas não secam
Por mais que as calemos,
Sou todo ferrugem
Porque me chove por dentro.

Valerá a pena retirar a cabeça
Se por todo o corpo eu sinto
Que a chuva não pára,
Enquanto não parar?

(14/04/08)

Quando os ramos verdes, frutuosos, da juventude secam
O sangue gela e inutiliza o coração: um pedaço de carne rija e infecta
No interior do peito.

Quebra a angústia, largam-se as mãos,
Incha a barriga, cai a face,
Estamos no Outono, já não sabemos escrever.

Não há mitigação possível desta perda, apenas fingimento,
De que nos serve agora a fala e o pensamento?
Apenas a memória, dos nossos vinte anos, de existência real.

(14/04/08)

Olha para ele, está de pé sobre a muralha, em plena tempestade.