que pena é incrível mas ninguém sabe ainda
Brigadas Vermelhas e Revolucionárias
As Brigadas são um colectivo, uma força política, artística, cultural, revolucionária que visa a constituição de uma nova sociedade. Será neste Blog que as Brigadas Vermelhas e Revolucionárias se expressarão e se abrirão à mediatizada sociedade. Nesta página, para além de ensaios e comunicados serão colocados apontamentos sobre as deslocações das Brigadas e relatórios sobre as reuniões do colectivo. brigadasvr@hotmail.com
30.7.05
27.7.05
não tenhas medo 6 (sex)
é pela manhã da frescura sem poeira que sem ter de esperar por ninguém se declara, declara tudo o que é e sobe. sempre observou ter tempo suficiente até se embrenhar em tarefas que qualificaremos de.
não que o cinzento seja feio, nem sei se depressivo. a falta de luz natural é mesmo nefasta, claro, porque o abrigamos na cabeça. mas nem tanto o cinzento, nem pouco mais ou menos penumbra
agora basta-me, que desolação.
é feliz se nenhum desconhecido encontrar. nem sempre que encontra desconhecidos fica feliz.
quando dá conta deles e em caso de infelicidade, não quer estar nas rectas reais das retinas até ao infinito é que vemos.
só podemos imaginar como foi verem desaparecer a iluminação com a sua abalada, mas naquela situação não lhes pertencia.
disse Até já, com um sorriso nos lábios, o cabrão duma figa.
ntm 5, altamente irregular e imprevisto
ele sonhou um prédio onde encontrou portas deixadas abertas. entrou e procurou o que não conhecia, estava declarado o estado de emergência.
na realidade, evita e é evitado pelos vizinhos, deve ser comunista.
delirante, já não consulta as estatísticas. deixa de se saber quem é ele, alguém se sente superior? alguém, espreitador com a cabeça encavalitada exposta mas retirada em precisa escuta com atenção despacha-se a apanhar o elevador mas a porta não oferece a almejada rapidez para as escadas cooperantes as escadas se mora no primeiro, ou mora no sexto mas quer esconder os sapatos.
quando sucede, ambivalente, constrangimento da criatividade e esta forma de aproveitar o lixo No elevador descendente somos todos para o outro desprendimento a grafite o ganha espaço depois de fechado até come a laranja encosta ao corrimão
'que merda.'
26.7.05
23.7.05
19.7.05
17.7.05
mutismo I
14.7.05
não tenhas medo 4, o derramamento
uns conhecerão este texto por '4' ao passo que outros por 'derramamento', estes julgá-lo-ão um outsider, aqueles ignorarão a atribuição dum subtítulo.
mesmo quem recorde o título integral di-lo-á a medo e nunca em presença de mais de três pessoas, tal como não convém proferir imprecisões perante mui estimadas personalidades de grã sapiência.
se jamais terá existido o algarismo quatro, árabe ou seria romano, acabado em detrimento de vidas a findar na dúvida dum salto sem explicação à sombra da bananeira
ou se apelidarão de quarto o post que em breve chegará ao rendezvous finlandês-na-verdade-australiano nunca famoso, o quinto,
não saberei,
pergunto a al berto como é a respiração fresca. como?
pergunto a herberto helder se demora muito a serenidade. como? como?
pergunto a meu outro como partilhar a saudade de partilhar, como é viver pelos outros, como vai a eternidade ter a certeza de ficar estante desde que foi pensada, adormeço subitamente, prolongadamente.
13.7.05
sêseja firme e resoluto no(s) querer(es)
11.7.05
não tenhas medo III
não fora de todo previsto, pelo que se aceita que o desenrolar deste capítulo da trama ter tido um preâmbulo idealmente relacionado seja motivo para tamanha felicidade.
com rapidez se perceba porquê. ora, marchava ele sem poder saber o que pensam os humanos que avista ainda ao longe a ponto de os não distinguir das paredes que os deslocam, dos assentos que os dispoem. não pode saber mas sabe, vislumbra as inevitabilidades que eles erigiram nas suas próprias células e sabe. retire-se-lhe, contudo, o crédito de saber que possui esse conhecimento. é como se irrelevante, uma vez que ele não observa ninguém.
tem tarefas a riscar da lista de afazeres e dirige-se naquele sentido. até então estava afastado da próxima meta, onde a abóbada celeste coberta de nuvens sugere uma sucessão de estados de tempo invernosos. aproximou-se do destino imediato. a estrela solar dava mostras de querer romper a quase sombra. assim foi. registe-se que dele é o mérito. acredita-se que sim, ao vê-lo espalhar magia: cada passo ordenava que alastrasse o rasgo de sol no céu e irradiasse calor e cada vez mais e mais luz. lembro que dele foi o merecimento, pois, sem a mais leve aparência de suspeita, concentrou, nos espaços que ocupou enquanto passava, o foco principal da claridade emitida. era consensual entre as gentes.
pensando no que lhe reservaria a parte IV, só quando partiu para de onde viera deixou atrás de si o tempo encoberto.
10.7.05
O Justiceiro
Mas, mas, e as declarações bombásticas?
... hum... ele ainda as vai dizer.
Força presidente! Vamos a eles!
Oh, não disse.
7.7.05
não tenhas medo II [ler 'parte segunda' (obs: da irresistível parte primeira, indispensável ao homem contemporâneo, publicada anteontem)]
tinha picado o ponto, auxiliado. não sabemos porquê. nem isto nem aquilo. foi, tenha sido outra pessoa, outra vez auxílio NÃO. o que acabou de se escrever não interessa. mais ainda, não aconteceu portanto
unicamente, a grandeza de não ter medo nos torna iguais, é de parar e pensar. sem deslumbramento, por favor, me peço agora. peço-nos que pensemos se continuamos igualmente diferentes, com semelhante nível de proximidade, seremos no futuro outra organização?
o que com efeito teve lugar foi a terceira parte.
5.7.05
não tenhas medo I
Com: Ele, indeciso e oprimido
a todo o vapor, todo o seu corpo andava, os passos, nem curtos nem largos, faziam movimentar a totalidade das pernas, saltitante q.b., nem rápido nem lento, tronco e membros anteriores embalam com gosto, exsudava vida a ser experienciada. todo o seu corpo andava quando começa o despique com o semáforo.
não o chegou a ser porque estava num daqueles dias, ou horas, em que se leva a melhor a tudo e se é campeão do mundo sem sequer se esforçar. sem receber nem ponta de incómodo, recompensa da verdade.
olhou o espectante homem vermelho, não disse para si próprio Não existes, porque homens os há que olham para trás, para a frente mas ainda por cima vermelhos é pedir à imagem mais do que pode dar a palavra, disse sim Aproxima-se uma passagem para peões cujo tráfego adjacente é regulado duma certa forma e feitio. entre parêntesis, ele lá terá sabido o que pensou, eléctrico e magistral.
Vou caminhar pelo passeio restante. Vou sobrevoar o lancil. É um desnível pronunciado. Mas podia não ser, já me não foi quando isto já me aconteceu. Sobrevoá-lo como se nada fosse. Sobrevoá-lo assinalando-o. na verdade não chegou a pensar estas últimas duas últimas proposições, ele é campeão do mundo, lembram-se?
pouco importa se será de acertar passo ou qual piso indiferenciado. não chegou a interpelar o portador de sinais, ofereceu-se ao semáforo que o deixou atravessar, sem mais. diz quem viu que não teve que abrandar a marcha, e isso, meus amigos, é o que se quer. também é estiloso.
veni, vidi, vinci, pretérito perfeito, pois sim, ha-ha, nesse dia não pôde deixar de chorar.
4.7.05
O Protagonista III e IV
III
4 anos antes.
Era um dia de chuva. Helena acabara de se levantar da sua cama no primeiro andar e, arrastando-se em camisa de noite até à janela, senta-se na parte de dentro do parapeito, ainda meio ensonada. A chuva atravessava as árvores e batia grossa na janela, escorrendo pelo vidro. Helena olhava para o passeio em frente de sua casa. Era bastante cedo, umas seis da manhã, numa primavera ainda fria. Lá fora passavam os trabalhadores a caminho do terminal para apanharem o intersuburbano, enquanto alguns casais de velhotes passeavam os cães e as crianças corriam para a escola. De repente, sente uma coisa peluda a roçar-lhe o braço! Vira-se depressa e encontra a Pantufa, uma gatinha bebé que tinha encontrado na rua há umas semanas atrás. Estava muito esfomeada e mal tratada, mas agora saltava já animada, e comia sempre muito! Helena pega nela, faz-lhe algumas festas e pousa-a no parapeito, enquanto se levanta e desce para a cozinha. Prepara um café, enche a malga de comida da Pantufa e ataca uma maçã bem fresca que tinha apanhado ontem da árvore do descampado ao fundo da rua. Depois toma um chuveiro rápido, veste-se e sai.
Ainda estava frio na rua, mas a chuva cessara, com apenas algumas gotas caindo dos telhados e dos topos das árvores, que começavam a florescer. Andou devagar, a apreciar a brisa matinal que lhe enchia os pulmões de ar fresco, ajudando-a finalmente a acordar. Os carros começavam a ocupar as ruas, avançando agressivamente para a cidade, mas Helena caminhava na direcção oposta. Estava a apenas duas casas do seu destino. Os sinais de chuva tinham já desaparecido, e o sol começava a erguer-se, cegando-a com a sua luminosidade intensa. Mas não importava, tinha chegado. Bate à porta. Passado meio minuto abre-lha o Protagonista.
IV
O Protagonista dormia. Felizmente encontrara um lugar para passar a noite, num alojamento livre para sem-abrigo perto do parque onde tinha estado há umas horas. Parecia estranho mas só depois de voltar da festa, é que ficara a conhecer o nome da cidade. Churaca. Alojamentos Churaca.
O dormitório não estava cheio. Na verdade, para além dele, apenas mais três homens, barbudos e bastante mal cheirosos, tinham aparecido. Era um velho armazém com alguns colchões no chão e umas mantas por cima. Não era muito, mas era de graça. Quando o Protagonista entrou, dois dos velhos jogavam às cartas à luz de uma vela, enquanto o outro dormia ruidosamente sobre um dos colchões. O Protagonista escolheu um que lhe parecesse não estar ainda muito carcomido e instalou-se. Passado umas horas, o sol voltava a entrar pelas vidraças do antigo armazém. Era de dia.
Ainda não tinha pensado no que fazer. Decide que por agora devia aproveitar a manhã e sair, ver mais da cidade. Ao sair dos alojamentos repara que os vestígios da festa de ontem à noite ainda estavam presentes. Muitas fitas e lixo no chão, com alguns homens varrendo as ruas mas ainda muito longe de o acabarem. Algumas pessoas de pernas inseguras seguiam em direcção a casa, e as bancas de bijuterias, comes e bebes estavam ainda a ser arrumadas por pessoas bocejantes. Decide ir passear à beira mar de Churaca. O sol já tinha nascido, era certo, mas estava ainda deitado no horizonte sobre a água, muito cristalina e dourada. Alguns pescadores voltavam já do mar, com redes cheias de peixe miúdo, e começavam a secá-los na praia, ao calor da manhã. O Protagonista, que ainda não tinha comido nada, dirige-se então a um dos pescadores. Pergunta-lhe que tipo de peixes tinha, e compra um por 10 escudos, sentando-se na areia a saboreá-lo, um magnífico peixe seco.
Estava já a chupar-lhe a carcaça, quando vê do outro lado da rua um rapazinho a distribuir jornais. Vai buscar um, e desfolha-o enquanto continua a sua caminhada. O Clarín de Churaca (assim se chamava o pasquim) parecia ser um jornaleco bastante decente, com uma boa quantidade de notícias da terra e algumas sobre a situação, sempre instável, de San Domingo. Estava a chegar à última página quando repara num anúncio: “Procura-se jornalista, paga-se”. Habituado a estes golpes de sorte, lá segue o Protagonista rumo à redacção do Clarín.
-/-
Após ter parado cerca de quatro vezes para pedir direcções, lá encontrou a redacção do Clarín de Churaca. Era uma rua bem apertada na zona oeste da cidade, bem longe da beira-rio. O prédio era velho e mal tratado, com janelas curtas de vidros embaciados. Toca calmamente à campainha. Abre-lhe a porta uma mulher de meia-idade, de cigarro fumegante na mão, e uma expressão algo sombria estampada na face. O seu traço mais notável era no entanto a pala negra que lhe cobria o olho direito, com um troço de uma cicatriz ainda visível. O Protagonista apresenta-se: “Olá, vim por causa do anúncio, no jornal…” … A mulher olha-o de alto a baixo com o seu olhar frio e meio-morto… “Sobe.”
influenciado
mais que poder contar com mais que compreensão
não paira a dolorosa atmosfera do sorriso fácil
[entre outros aspectos (ou seja, continua - talvez)]
3.7.05
Distância
Viverá
Hoje e amanhã
Será
Uma nova era.
Por perto
Alegria.
Portucale imenso
Julgai vós pelos outros
Que eu beberei da nossa fonte.