30.12.04

O Comboio e o Macaco

Um dia... mais tarde.
Quando será? Mas tem de ser?
Para quê crescer? Perguntas?
Perguntas. Olha.
Olha para mim. O que
Sentes quando olhas para mim,
Assim? Se ser é o que é,
Porque não posso não-ser
O que não-sou? Proibido?
Talvez. Talvez... um porco goste de
Olhar. Um animal não um sujo.
Olhar para perdizes. No chão
E a voar. Por cima de nõs,
Das casas... que vêem? Que vêem
As perdizes antes de serem trituradas
Pelas turbinas dos aviões? Quando
Vivo sinto-me morrer um pouco mais
A cada dia. Sofrer mais. Para quê?
Perguntas? Perguntas.Para nada. Tuuuuut.

27.12.04

the hallway

credit to the original artist.


23.12.04

texto final

que bonito jarrão! é pena ter só 2 metros.

crew or not - the Specialist terminus (ainda faltam desenvolvimentos)

agora-como é agora? agora sei que as mesmas ideias voltam sempre ao ânimo, outra vez já mais informação trocada, mais a perder e... surpreendido por não estar... perdi-me. eu tinha MESMO algo muito interessante a acrescentar, bolas... hei-de aqui voltar.(desapontamento) enfim, continuando, é fantástico como sem querer inviabilizamos quiçá para sempre algumas hipóteses. traídos, mesmo, por nós próprios. há tempo que tenho isto gravado no espírito-rápido! procura conforto nos aspectos positivos. terá já passado tempo suficiente? não é falta de confiança, é a cor dos meus olhos! ui, então para isto espero mesmo já ter passado o tempo suficiente riam-se e venerem quem se não demora comigo. deixem-me só procurar! ah pois! enfim, sem querer já inviabilizei quiçá para sempre algumas hipóteses.(desalento)
merda.
plantado na memória, COMO TAMBÉM TINHA O 286 LIGADO, ESCONDE-TE DEBAIXO DA CAMA E PEDE AJUDA COM OS OLHOS CERRADÍSSIMOS E AINDA AS UNHAS, não necessariamente por esta ordem.
saiam e fiquem em apneia num local de passagem de muita geeente... é que como eu vi nalgum sítio 'A semelhança humana é ilimitada'. então procurem novas pessoas humanas. sem complexos, uma atitude espantosa, deslocada, insólita, isso, insólita! é isso, o insólito! vão de cara lavada em busca dos que nos acolhem antes que nos conheçam. não nos produzem inveja de não lhes conhecermos as vidas pelo menos não o fazem muito defronte outros, et cetera. claro que para isso... é melhor mudarem de cidade. é melhor eu mudar de cidade.(longo hiato para reflexão) pressinto-me entrar nas músicas,(recomeçando devagar após pigarrear) todo aquele eco ou arrepiante instinto. trémulo, muito. impede-me de ver, o maxilar sempre a gaguejar. daqui a muitos anos, também em Paris vou reencontrar os que não recordam a felicidade e só a vivem. mas há mais. depois, hein e deambulando vou e penso ninguém me vai amanhecer eu sei que não devia mas apeteceu-me e fico bem.

20.12.04

Pictograma Narrativo

Como num amanhecer soturno, raiava o Sol, fúnebre por detrás das colinas. Árvores frondosas e pássaros chilreantes rodeavam um imenso lago azul, cristalino. Mas grandes nuvens cinzentas, aterrorizadoras, enchiam o céu de mágoa, como que ferido pelos raios solares que forçavam a sua passagem. Cedo, começou a chover. O céu estava já completamente em breu, como se a noite tornara a entrar em palco para mais uma tenebrosa actuação. Violentíssimas gotas perfuravam o solo, cantando uma sinfonia ditonal, ensopando a terra, enchendo os lagos, aliviando o céu de toda a sua dor. Por horas a fio
assim aconteceu, não se adivinhando um fim. Até que finalmente a claridade começa a despontar, o som agressivo da bruta chuva amansa, lentamente, lentamente, até que do céu não cai mais, deslizando apenas, suavamente dos ramos das árvores. No entanto à medida que se dissipam as nuvens, a noite cai célere, dando o Sol lugar às mais brilhantes estrelas, especialmente cintilantes devido à ainda húmida
atmosfera, recriando um espectáculo luminoso assaz deslumbrante. Um rico cheiro a terra invadia o ar e pululavam já os animais nocturnos.

Tudo isto viu Alberto num só dia. Mais tarde ainda, um jovial garoto irá disparar o tiro fatal entre os seus (de Alberto) estranhamente perspicazes olhos. Assim acaba esta estorinha de quem alguém muito irá falar, garantindo ao seu autor fama internacional.

Viva a Revolução (que ainda não chegou, há de chegar).

19.12.04

Coisas sobre a vida

Coisa complicada, a vida. Às vezes recorro a metáforas para tentar perceber isto, mas nem sempre é fácil... A vida é um jogo e temos que aprender a jogá-lo. Isto mesmo sem termos um livro de instruções ou revistas que nos indiquem "truques e dicas". Cada jogador tem as suas armas e os seus objectivos próprios no jogo. E parece que vale tudo. Grande confusão, portanto.
Depois ainda há que ter em conta a complexidade de cada ser humano. Se já não bastava a conflituosa relação entre o pensar e o sentir, parece haver, por vezes, ainda outra coisa qualquer a interferir. Não sei defini-la e muito menos controlá-la. Ás vezes queremos muito fazer algo, sendo isso até perfeitamente lógico e racional, mas não o conseguimos realizar, parecendo haver uma força que impede tal acção. Faz-me sempre lembrar os mergulhos na prancha de 7 metros da piscina de Tróia (suponho que também funcione noutras, claro...). Não é fácil dar o último salto. Mesmo que já se tenha saltado outras vezes e nada de mal tenha acontecido. Sempre aquela força a prender os pés ao chão e a contrariar a ordem que vem da cabeça. Enfim, se tal acontecesse só em pranchas de piscinas passava eu bem, a questão é que estas forças já me andam a chatear. Coisa complicada, a vida.

Hoje vi-te

Hoje vi-te
Mirei o meu cume
A minha fraqueza
Hoje li-te
E apagando o meu lume
Foste noção de leveza.

Ignoraste esperança
Golo de uma cobrança
És a minha expressão
Ingratidão profunda
E deixando-te na minha mão
O que me mais queria afunda...

No imediato

A força da maioria

Cartazes e mais cartazes. No silêncio ensurdecedor da noite os “morcegos” enchem as ruas de rectângulos coloridos. “Pela maioria absoluta!” gritam uns, “A força do povo somos nós” desabafam outros. São tão diferentes ou são todos da mesma corja? – Eles querem é tacho! – Ouve-se um homem de meia-idade, dos seus 50 anos, digo, enquanto vende camisolas de selo italiano fabricadas em Alcobaça. Depressa chega um senhor que parece importante ou pensa que é com meia dúzia de panfletos que projectam o país para a prosperidade absoluta. Diz que ouviu as reclamações do feirante (na verdade ele não disse mais nada do que a típica frase do tacho), entrega uma rosa e quase me convence que está preocupado. De trás da banca o feirante mostra-se desconfiado mas animado dando sinais de esperança (ai ilusão, de tantos sonhos alimentada…). Ah pois é, estava lá a televisão a filmar. Com aquela cena digna de um auto de Gil Vicente um quadradinho está assegurado e mais o de mil, duzentas e trinta e cinco pessoas (mil, cento e quatro se no dia das eleições os termómetros marcarem mais de trinta graus).
Em jantares fartos, há chefes ao fundo da mesa! No meio está o principal, o «chefe-mor» que se levanta sobe ao palanque e entre o chinfrim dos talheres e de bocas semi-cheias começa a falar. Apela ao voto em massa, à protecção das criancinhas, do pensionista, da polícia, dos bombeiros, dos doentes em lista de espera, do simples contribuinte. Sempre a mesma mensagem em embrulhos (palavras) diferentes. No fim do discurso há a habitual salva de palmas apoteótica como se de um herói o orador se tratasse.
Depois há os debates esclarecedores em que nenhum dos intervenientes consegue terminar uma frase sem ser interrompido por um “Ó doutor, doutor…”. É giro que existam no nosso sistema político 15 a 20 partidos. Eu só ouço pessoas de 5. “Pluralismo!” evocam eles.
Nos últimos dias, mais do que nunca, os propagandistas buscam o mais profundo sentimentalismo que existe em nós. Ou a solução ou inferno social.
No dia das eleições 50 % não aparece e da outra metade, quatro quintos votam sempre nos mesmos dois. Bravo, temos um sistema de rotatividade! Ouçam países de todo o mundo, nós rodamos!
O medo de mudança é algo que não desaparece de um momento para o outro, aliás, só com muita força é que se chega lá.
Depois de uma História do Homem tão rica, havia isto de ser o fim da evolução? Nem pensar!

16.12.04

Frase do dia

"O remate de Rochemback saiu certeiro um tudo nada ao lado."

Comentador da Sporttv durante o Newcastle-Sporting

15.12.04

No imediato

Os amigos



Tão amigos que eles são
Separados mas em união
Um veio do “Independente”
O outro do Intendente.
Comem os dois do mesmo prato
Protagonizam tão belo acto,
Dizem que entre eles há hiato
Mas isso é tudo fato!
Um venera Sá Carneiro
O outro é paneleiro
Zangam-se num dia
No seguinte encontram a via,
A comum que é tão diferente.
Nisto tudo alguém mente?
Um é do PPD, o outro sem D
De discussões diárias
Do que levar à discoteca.
Só quem não quer é que não vê
Que tais peças lendárias
Mostram tudo menos estaleca.
Vão separados e unidos
Que antagonismo perfeito
Da direita lusa sai o feito
Dos heróis seguidos
Por ti, não por mim.
Olhando para as vítimas, coitadas
Pelo PR foram amarradas.
Esta palhaçada não tem fim?

14.12.04

É preciso mudar

Aproximam-se eleições. Era bom que as pessoas reflectissem sobre o estado do país e do mundo. Se estão contentes, por exemplo, com esta sociedade desigual e injusta para os mais pobres e com a promiscuidade existente entre o poder político, poder económico e interesses pessoais.
Não basta ser o que se veste melhor ou o que fala melhor na TV... é preciso SER-SE ALGUMA COISA! Ter ideais e defendê-los. Ser, de facto, um representante do povo e defender os seus direitos.
É preciso reagir e lutar por um mundo mais justo, mais igual, por um mundo melhor!

100 metres stalker - intróito

falemos. saio do edifício que sabemos e bate-me aquela fraca luminosidade comigo o inverno era pródigo nisso e ainda hoje bloqueia a minha força (conhecia gente que não se importava): aqui uma indefinição deteriora-me. mais adiante, sim? conhecia gente que não se importava por outro lado ameaços de chuva ano após ano a caminhar àquelas horas. encontrava-me muito curioso no início!-reflexo da iluminação pública no chão tão brilhante sombreia um contorno de encostadas pernas cruzadas que hão-de percorrer algum itinerário consultado o relógio, é agora! conhece os horários, pois! despedidas, mas eu não deixo nada para trás pelo passeio vendo só um ziguezague vertical-cuidado! uma passadeira, meu vidrado olhar, embevecido na féerie(suspiro) -oh! pessoas interpostas, uma criança, não me atrapalhem! outrora seguiria a uma distância recomendada, o espião que veio do frio!(risos) aquela nem tinha sido a minha zona apesar de então o ser. à frente, a dúvida, spook-o-meter, spook-o-meter. chego não só a atalhar pela terra como a estudar o terreno para conjecturar planos binoculares pois de antemão sabia não ser a derradeira ocasião em que perderia o rasto. logo refugiado num patamar enquanto o ar exterior tresandava a desenvolvimentos.

13.12.04

Coisas

O Autocarro

Chove intensamente.
-Tenho que ir apanhar o fabuloso meio de transporte colectivo de cor amarelada… o 24 só passa daqui a 20 minutos. (começa a contar)
Logo no primeiro instante surge-me uma cara que eu conheço, de presença não acessível na minha memória. “De onde é que o conheço?”. Os momentos sucedem-se, o dito sujeito aproxima-se e no primeiro cruzamento de olhar a única coisa que em ocorre é o aquele sorriso neutro, não totalmente denunciado que tanto serve para saudar o próximo como para reflectir o estado de alma. O guarda-chuva encobre. Passa.
Um minuto depois, passa um ford fiesta com manias de porsche. Numa aceleração magistral enche-me de água (antes de uma poça). Os do lado tentam esconder o riso. Um chega a gritar “Ó cabrão, «quéssa» merda?” e eu fico imóvel à espera que o meu contexto, a realidade que me rodeia seja substituída pelo meu quarto e pela cadeira onde me sento.
Ao quinto minuto passa um autocarro, tento vislumbrar-lhe o número. É o 33. Num gesto instintivo olho para o lado oposto a pensar “Estou a ignorar-te, não pares!”.
Espero e caminho no meu raio de metro e meio.
Passados 9 minutos eis que surge o assunto da maior parte do meu pensamento e do meu olhar. Esboço um “Olá, tudo bem?”. Não, a conversa não segue porque ela está com pressa.
24 minutos depois do início chega o dito amarelo. Faço sinal para parar. Todos os outros também, mas eu sou o último a pousar o braço. Eles podem ter-se enganado…
Sou o último a entrar no autocarro e sento-me num dos bancos da última fila de trás. Vejo declarações de amor eterno (Vanessa+Ramiro, I lov u Micaela) ou tentativas de afirmação pessoal escritos nos bancos da frente.
No meio do caminho uma velhinha vai a sair e o condutor fecha-lhe a porta. Ouve-se imediatamente o “Ó Senhor! Olhe a porta!”. Mais à frente alguém manda parar mas desta vez ninguém sai. Quando chega a minha vez um vagaroso obriga-me a abrandar o passo e eu mantenho-me colado para que a porta do autocarro não se feche quando eu passar por lá.
Na primeira aterragem do meu pé esquerdo uma vigorosa chiclet agarra-se à sola do meu sapato. Tento tirar a chiclet na borda do passeio mais próximo e chego a casa aparentemente livre dela.
Ouço ao longe: “Podias ter dito que te ia buscar”

12.12.04

Arganium


remédios?

credit to the original artist

remédios?
achas que sim?!

A glória atravessa continentes



Todos têm de ter alguma coisa a que se associar, filiar ou rejubilar. Uns recorrem à virgem Maria, outros a partidos ou associações politizadas e há aqueles que usam o desporto, mais propriamente o futebol para sentirem-se representados e apoiados. Eu sou um deles.
Desde cedo comecei a ouvir o nome de dois clubes: Benfica e Porto. Outros vieram por acréscimo. Graças a uma boa dose de persuasão e de auto-racionalização uns anos mais tarde, escolhi o Futebol Clube do Porto, ficando assim representado numa colectividade desportiva que leva o nome da Cidade Invicta, que tanto prezo, aos quatro cantos do mundo.
Ouvia relatos dos magníficos feitos de 87 em que conquistámos a Europa com golos das duas pontas do pé direito e o Mundo tentando empurrar a bola por entre o espesso manto branco de Tóquio. Madjer, Gomes, João Pinto eram alguns dos nomes que soavam.
Desde há mais de 10 anos que sigo a fabulosa Liga dos Campeões. Com ela vivi dos momentos mais emocionantes de sempre: Bremen 94, Barcelona 94, Milão 96, Manchester 97, Munique 01. Sempre esperei que um dia pudesse ver o Porto ganhar a maior competição de clubes do Mundo.
Em 2003 saboreio o aperitivo através da fabulosa final de Sevilha. Antes, jogos fabulosos em Atenas e no Porto contra italianos. O prato principal vem no ano seguinte. Depois de jogos incríveis em Manchester, Lyon, Corunha, Gelsenkirchen… Campeões Europeus! O caneco é nosso!
Não consigo encontrar nenhuma situação em que alegria, a festa, a emoção é tão espontânea como no futebol. Perdoem-me os cépticos mas eu gosto mesmo disto. Não há nada melhor que a vitória depois de tempos de desilusão.
Hoje, depois de penalties sufocantes o FCP conquista mais uma daquelas que atravessam continentes. E o meu nome está lá…

12 de Dezembro de 2004, depois da dita Toyota.

11.12.04

fingo, is, ere, finxi, fictum

modelar; formar; representar; criar; produzir; compor; fingir; dissimular; arranjar; uma ficção.
até ficas berde
Dalton da porra,
bota aqui duas tchupadelas.
90000 cycles april 27, 2010

A ti, o que mais aprecio, Saudades de uma Ode que não veio e que podia ser pior

Poemas de imaginário, mas reais
Elegantes na inteligência
Supremicíssima, inigualável.
Saberia ele o que seria?
Ora pois claro, ele era
Afásico mas mestre.

Álbum


Volume I de um pensamento inspirado?

Inspiração. Normalmente qualquer texto deste género que se preze começa com etimologias, arcaísmos e epopeias sem fim, mas este não. Porquê? Talvez porque a necessidade de seguir uma norma, um ritmo certo é apenas um ciclo que acaba e recomeça passando pelas mesmas fases de construção.
Hoje sentei-me e pensei: “Vou começar a escrever coisas sem sentido num momento e cheias dele no momento seguinte”. Posso iniciar uma nova rotina sem me despegar dos valores anteriores totalmente? Se não, pode apagar imediatamente este ficheiro. AGORA!
Este texto jamais seria sério no tempo anterior a esta escrita por causa de alguns eruditismos vigentes que não permitem certas frases como a anterior numa redacção que se quer e eu considero, apesar de tudo, séria. E porque não? Eu sou sério, sou verdadeiro, talvez inocente e tenho o direito de achar que o que escrevo é algo seríssimo digno de uma publicação extasiada imediata para todo o mundo capaz de ler os símbolos que escrevo.
O que é inspiração? É algo que vai e vem como o sono? Desculpa de quem não tem talento. Humildemente digo que não tenho talento, recusando então proferir certas palavras como “Falta-me inspiração”.
Qualquer ser pensante é inspirado momentânea e sequencialmente. Não há outra forma. Pode faltar vontade para reproduzir essa dádiva natural, como falta vontade dos homens para tornar o Mundo e os seus seres um bloco unido. Quando a sociedade for como uma planície ao invés da montanha com cume pequeno, aguçado e cortante como é hoje, talvez se respeite a liberdade de pensamento e de escrita e todos nos libertaremos do aljube da censura moral e material.
Eu quero escrever como gosto. Quem quiser ler e libertar-se da imposição que também se nota na “literatura”, junte-se a mim e a todos os que defendem o acto criativo natural e essencial.


Até ao segundo, ainda menos “normal”.


30 de Agosto de 2004 dc, 2 e 3 da madrugada

9.12.04

Conversa Entre Dois Amigos

- A vida.. a vida. Às vezes tem piada. Lembrar-me de tudo o que já vivi. Na vida, pois. Lembrar-me do meu antigo bairro. De como as pessoas entram e saiem da nossa vida, como carros na auto-estrada. Lembrar-me dos descampados onde hoje são grandes zonas de habitação e comércio. E como isso tudo me mete um grandessísimo NOJO! Que porcaria de sociedade. Quando saio de casa de manhã encontro prédios que juraria que não estavam lá na semana passada. Tenho pena… mesmo pena, que seja este o futuro. Uma cidade que não é mais do que um prédio de quilómetros. Onde as pessoas nem saiem do edifício. Os ricos com os apartamentos no topo, e os pobres com as canalizações estropiadas, entre os ratos, o lixo e na escuridão, na base. No entanto, cada uma das divisões completamente ignorando a existência da outra. Isto assusta-me de verdade. É mesmo o poço mais fundo para onde o capitalismo nos pode empurrar. EU TENHO MEDO DISTO! A falta de contacto humano, a injustiça social, a hipocrisia angustiam-me profundamente. Não posso suportar viver a minha vida em conformidade com esta realidade. Temos de fazer algo! Algo que leve as pessoas a reflectir sobre o que estamos a fazer de mal, de deixar de permitir que sejamos guiados para o inferno pelos políticos, o maior cancro da humanidade. E há de ser algo que diga qualquer coisa a toda gente, que as faça perceber que qualquer acção é relevante, em vez da letargia e indiferença! Temos de mostrar que nos lavam o cérebro todos os dias nos meios de comunicação, certamente uma das maiores invenções de sempre que é usada com as piores intenções e resultados. Há que apelar não apenas à minoria intelectual que já se deverá ter apercebido destas verdades, mas também à maioria, ao povo, sem voz, crucificado pelo Judas governamental que os trai a todos, diariamente. E não através deste paleio semi-filosófico irrelevante. As acções falam mais alto que palavras. E é isto que temos de fazer. Agir. Reagir. Contestar. Destruir a sociedade actual e reconstruí-la com base na igualdade de todos. Em Harmonia e…
-… Uhm, pois, é isso.

A fuga

(Antes de mais uma calorosa saudação aos nossos leitores de todo o mundo)
Não há nada mais na moda. Está a correr qualquer coisa menos bem, toca a sair antes que a reputação chegue a níveis tão baixos que impossibilitem o salto para qualquer outro cargo. Basta uns tempitos fora de cena e zás, toca voltar para um tacho qualquer. As pessoas estão nos cargos é para resolver problemas, é nos momentos difíceis que se vê quem são os melhores. Mas não, pelos vistos estou enganado. Quem deve mandar é quem fica melhor nas fotos, quem tem os dentes mais brancos ou quem lê melhor o teleponto nos congressos partidários. Ah, e se já tiver tido uma experiência num programa televisivo, numa tal "cadeira do poder", melhor ainda...
Juntando a esta palhaçada, a arbitrariedade com que os cargos são entregues, temos então Portugal.
Sim esse, o da cauda da Europa.
Digamos portanto que isto é um escândalo. E mais não digo.

No imediato


Stop

Momento. (stop)
Estímulos agudos e silenciosos
Outros atentos e ruídosos
E mais uma vaga de pensamento.
Primeiro de ti, meu amor
E logo dos bravos heróis
Que com coragem e sem temor
Arriscaram o sal e a água
Em teu nome e de todos.
Ignorai a corja
Na possibilidade presente
Vejo já o termo!
Tão súbita és, passagem de nível.
Amanhã, eu sei
Juntar-se-ão a nós
Todos os que sonham
Neste sítio onde há paz,
Não há lei.
Aborda-me nesta sinfonia de letras.
(play)

8.12.04

Outro Um Poema

Sim, Tu.
Choras? Sangras? Ouisso.
Pássaros cantam.
Os seus bicos abrem-se e
Fecham-se, abrem-se e fecham-se,
Como máquinas de uma força incrível/potência inestimável.
Nisto, pego na minha espingarda e aponto.

A Cadeira

Quantos a ela subiram
Reis, imperadores
Plebeus armados em doutores
Todos eles caíram.

O poder da cadeira subestimaram
Pensavam que era eterna
Caídos e fodidos guinchavam.

O bom de Santa Comba
De papagaio parecia a sua tromba
Encostou-os ao muro
Por causa dela vê tudo escuro.

Já o romano dizia
"O Mundo será meu um dia!"
Quem nas suas costas viria
Na mesma casa dormia
Tombou e já não pia.

O russo real porque se ausentara
Sua mulher dormia com o bruxo
Desiquilibrou-se e caiu
Agora seus restos são luxo.

Depois veio o alemão
Do mais puro, pois então
Pôs-se de pé na cadeira
Tanto levantava a mão...
Sozinho foi para o caixão.

O amigo italiano, coitado
Queria tanto África
Empoleirou-se de mais
Pelo sol tórrido acabou queimado.

(Amanhã há mais)

7.12.04

um poema

revistas cor-de-rosa
no chão.
o teu nome está manchado
pelas nodoas.
é um sonho teu, viajar
matar, vencer e sofrer
ajudar os braços
fazer as pernas correr
e ler, ler, ler..
nada mais podes fazer
que ler
revistas cor-de-rosa
no chão.

5.12.04

Este é o texto introdutório do Blog das Brigadas Vermelhas e Revolucionárias.
As Brigadas são um colectivo, uma força política, artística, cultural, revolucionária que visa a constituição de uma nova sociedade.
Será neste Blog que as Brigadas Vermelhas e Revolucionárias se expressarão e se abrirão à mediatizada sociedade.
Nesta página, para além de ensaios e comunicados serão colocados apontamentos sobre as deslocações das Brigadas e relatórios sobre as reuniões do colectivo.

As Brigadas VR