Défice de escolha?
As Brigadas são um colectivo, uma força política, artística, cultural, revolucionária que visa a constituição de uma nova sociedade. Será neste Blog que as Brigadas Vermelhas e Revolucionárias se expressarão e se abrirão à mediatizada sociedade. Nesta página, para além de ensaios e comunicados serão colocados apontamentos sobre as deslocações das Brigadas e relatórios sobre as reuniões do colectivo. brigadasvr@hotmail.com
tenho que saber tudo por saber? eu sei sequer?
não sei e não sei explicar o que não sei nem porque não sei
Eu já tinha guardado aos jogadores do Benfica um lugarzinho no céu. Eram a personificação do esforço, da luta, da vontade, da humildade. Não sendo dos mais dotados calavam muita gente, ou mandavam (o capitão tratou disso) em nome da transparência, contra a falsidade. Eram constantemente prejudicados pelo sistema que não lhes dera um golo em plena (Nossa Senhora da) Luz, quando a sombra mostra claramente que entrou! – Ainda bem que o jornal A Bola com a imparcialidade a que nos habituou tratou de dar o devido eco à situação.
Jogavam bem e limpo contra todas as infames decisões dos árbitros, empolgavam multidões, uma malha, uma barreira (não sistema) que põe a nossa bandeira sem verde e amarelo. Eram santos.
Ontem pensei que me tinha enganado no canal quando vi jogadores do Benfica a cantar “Pinto da Costa, vai pró caralho”, pensei que fosse o Eto’o outra vez. Esqueçamos isto que ninguém viu.
Começo sempre por ouvir o murmurar que em instantes se torna sussurro insolente e nos toca, consciente ou inconscientemente.
Notas numa pauta selvagem com uma variedade incrível de sons diferentes, cada um com o seu estímulo individual e característico.
Quando falas as tuas palavras são a minha música. É a atenção que presto a cada som, ao ritmo melodioso de uma voz pertinente e sempre sapiente que ensina uma canção infantil, de fácil compreensão mas de plena moralidade.
Condicionada pela língua com uma articulação de palavras tão peculiar, da tua boca sai da mais pura música melodiosa, aquela que quero ouvir.
Não perguntes, só quero ouvir.
Respiremos em silêncio. Os morcegos não ouvirão por certo.
À frente está uma televisão com Simão a fintar um, dois, três, a centrar... Nuno Gomes de cabeça e Golo! Os adversários estendem-se no relvado e choram copiosamente; aquele golo de ouro acabara com as suas esperanças de entrar para a História.
Os adeptos vencedores que tomaram aquele partido sabe-se lá porquê, ou talvez se saiba, sentem esta vitória como o nascimento de um filho só que de forma mais ruidosa.
Continuemos amordaçados. Os morcegos aproximam-se.
Para trás os pensamentos de uma praia deserta com ondas de meio metro e aquele cheiro a… mar; escutemos o seu som.
Naquele rádio velho ouve-se um discurso demagógico mas empolgante de um deputado cheio de vigor. A sua bancada levanta-se e aplaude entusiasticamente. Os restantes pensam como sair vencedores da discussão.
O chefe exclama: “Os morcegos estão quase a chegar!”
Já não consigo ouvir os papagaios. Pedi tantas vezes aos seus donos para os domesticarem; em vão. O seu discurso afugentou a minha companhia.
Fiquei sozinho.
E cá estão os morcegos.