a minha segunda II
As Brigadas são um colectivo, uma força política, artística, cultural, revolucionária que visa a constituição de uma nova sociedade. Será neste Blog que as Brigadas Vermelhas e Revolucionárias se expressarão e se abrirão à mediatizada sociedade. Nesta página, para além de ensaios e comunicados serão colocados apontamentos sobre as deslocações das Brigadas e relatórios sobre as reuniões do colectivo. brigadasvr@hotmail.com
'lá vai tudo
-
embora, claro.'
não, não. isto nem sequer é.
gnaw
interessante
ai metes
a minha
deixar enredar
dado
pior pois se
chegando um desalento
de imediato deixo de preocupar
pois se
mal se instale novo desânimo
só me apetece dormir
chateassem-me
logo visto bom humor
quando vier este mundo inteiro
bater a minha porta
estando há tanto reciprocamente
fora dele
que fazer com uma assim
com e sem alfa privativo que eu descongeço
hoje uma garganta palpitante e um nariz quente pouca energia criativa
resta-me
dizer
tentem
lembrar-se
do verão.
é agora de noite, e os animais,
loucos de fome e cansaço
ao deitarem-se nas palhas dos currais,
ouvem o tilintar de peças de aço.
que os porcos os controlavam
o seu Líder, Camarada Napoleão,
nas rações e descanso lhes cortavam,
para eles sobrava mais, pois então.
ao som reagiram, para a casa correram
e situação incrível lhes inundou as retinas
os porcos e humanos à mesa conversavam
juntos, bebendo alcool de terrinas!
e os porcos, cheios de inteligência
assemelhavam-se já a humanos
com os tiques de demência
que adquiriram pelos anos.
olhavam então os animais pasmados
esta cena, incrível visão.
porcos humanos tornados
perderam (ou ganharam?) a razão?
tudo isto que viram e mais
lição aplicável em outros
"Os animais são todos iguais,
mas uns são mais iguais que outros."
(para uma melhor compreensão leia "Animal Farm - O Triunfo dos Porcos" de George Orwell. Ou a versão em filme animado. Ambos produtos oficiais Concentra. Ok, não.)
logo eu que vinha recuperando as vias,
as tais que se deixam entrever,
são os algozes das lâmpadas fluorescentes;
em cada cozinha uma lua.
estilhaçam-me, afinal,
com canções de embalar
quando me vou embora.
seguras um fino abraço
de recorte vidrado
volúpia rouba ar, simplesmente
agitando um líquido aquoso
fazes contorcer os cantos do
recipiente próximo
e o pessoal que fica
sem saber o que fazer
e
sem saber o que fazer
se.
_joão, vamos ter um filho!, sorrira-me agarrando a minha lapela.
_parabéns! ... que foi? não é o que se diz?
Era uma noite fresca. Noite, quer-se dizer… digamos que era naquela altura em que nem é de noite nem é dia. Desponta já luminosidade do céu, mas sabemos que o saudoso astro não se mostrará por ainda uma boa hora. Pelas ruas soprava um vento leve que enrijecia as pernas e as pedras nos passeios, sobre as quais andava a passo apressado o Protagonista. Tinha acabado de chegar a esta cidade, e assim que pousara os pés no chão começou a andar, a andar. Ás suas costas levava uma mochila com tudo o que lhe pertencia. Um lápis tosco e curto, uma resma de folhas, uma manta e uma muda de roupa. Nos seus bolsos, tilintavam umas moedas já gastas e um canivete para o que desse e viesse. Enfim, objectos que ilustravam a sua vida por vezes difícil, ainda que descontraída.
A viagem tinha sido razoavelmente confortável. Seis horas num comboio ferrugento e barulhento, amontoado num vagão de terceira com cem outras pessoas, mudas, viradas para si, partilhando apenas o som industrial da máquina e os gritos dos animais assustados que muitos traziam. Todas essas seis horas foram passadas com as costas assentes na parede fria e metálica do vagão, de olhos cada vez mais pesados, à medida que a noite atingia o clímax.
A cidade a que chegara era-lhe desconhecida, no entanto caminhava com tanta determinação que se poderia supor ser nativo da mesma ou, quanto muito, um sujeito extremamente orientado para as coisas. Depois de 20 minutos a andar o Protagonista pára finalmente, tendo encontrado o que necessitava. Abriam os primeiros cafés e entra ansioso no mais próximo. Pede um café. Um homem oleoso de mãos oleosas serve-lho numa mesa e durante largos, larguíssimos minutos saboreia-o, apreciando o seu odor forte, o sabor a queimado e o calor que emana. Ahhhh… Leva as mãos aos bolsos e apercebe-se de que talvez não deva gastar o resto do seu dinheiro já. Aproveita então mais uns instantes e no minuto em que o dono do café se ausenta para uma visita aos lavabos, sai o Protagonista de cena para a rua, com ar natural.
Sempre tinha sido um escritor, e sempre à custa disso tinha vivido. Uma puta literária, poderíamos lhe chamar. Pequenos poemas, grandes romances, revistas de tamanho médio,… nada para ele era novidade. Mas nunca o fizera para virar rico mas apenas para poder encher as entranhas de tempos a tempos e dormir sobre um telhado quando pudesse. Cedo se apercebe que esta cidade nada lhe tem para oferecer lamentando a sua escolha em prosseguir a sua vida ali. Um mero espelho de qualquer outra grande cidade, acha-a totalmente desprovida de carisma, com cidadãos nos quais se denota infelicidade e raiva reprimida por uma urbanização desenfreada e caótica, onde as diferenças sociais saltam à vista e à alma. Uma autêntica cidade dos mortos, onde as pessoas perderam a alma, tentando ser superiores, deixando-se ser controladas pela máquina corporacional, em prol da tecnologia e ilusões de melhoramento da vida, que se sente estar a escorregar pelo ralo abaixo, ou não, já escorregou e habita agora um esgoto fedorento.
Continuando a sua caminhada pela cidade, tentando perscrutar pontos de interesse numa metrópole que parecia nua dos mesmos, tal era o aspecto industrial e comercial da mesma, prossegue agora pelo porto, olhando o mar “bravo, gelado Atlântico, tortuoso” como tinha uma vez escrito há muitos muitos anos. Encontra então um cartaz oferecendo trabalho, dinheiro, comida, luz, tecto e horários permissivos, carregando mercadorias para um navio (de carga, ora pois) sul-americano. Rápido de raciocínio, o Protagonista apercebe-se desta proposta fantástica, pois teria os recursos que lhe permitiriam escrever pelo puro prazer, e poderia finalmente ter um trabalho a sério, cujo dinheiro extra lhe daria maior flexibilidade numa próxima viagem. Procura então o capataz, e alista-se de imediato.
Durante as próximas semanas trabalha duramente de dia, transportando caixas, e de noite escreve até lhe doerem os olhos, as mãos e os dentes (do frio). Não sai do porto, tal é o desprezo que sente pela cidade, concentrando-se apenas no seu trabalho e na sua escrita até que no final do 30º dia, o dia final dos trabalhos, contava já com uma soma razoável que lhe permitiria viver descansado pelos seus meios por uns tempos e tentar outra terra. Actua novamente o Destino pois por sua sorte ou grande azar é-lhe feita outra proposta tentadora que teria dificuldade em recusar. No final do dia de trabalho então, o capataz aborda-o congratulando-o pelo bom trabalho deste último mês e expressa o desejo de poder contar com ele na viagem de regresso à América do Sul, incorporando-se na tripulação. Como tão bem adivinham irão começar aqui as verdadeiras desventuras do nosso herói, por terras desconhecidas e de infinito interesse. Boa viagem, ó Protagonista!
(continua, ora pois)
Sobre a vontade escondida da maioria vive hoje e desde quase sempre a vontade da minoria com a sua força e poder subjugadores que em momentos de crise assumem-se como salvadores eternos sempre ao lado dos seus próximos. Dez mil pagam pela ganância de um, trinta mil pelo bem herdado, um mundo inteiro pela ignorância.
Hoje fui ao mercado e comprei dois quilos de carapau miúdo para o almoço. Pela simpatia e astúcia da vendedora paguei mais 50 cêntimos do que pagaria na banca seguinte. No mesmo momento uma multinacional aumenta a participação noutra empresa de capitais elevados. Num acto de loucura irreflectida compram por mais 50 milhões do que deviam. Como consequência 3561 trabalhadores de uma fábrica nos arredores de uma grande metrópole são despedidos e perdem o sustento principal de uma família de muitos elementos pouco instruídos e com horizontes muito estreitos. Seguem o mestre do dinheiro pois só nele encontram a solução dos seus problemas. No meio de tal agonia um grupo de não mais que quatro grandes accionistas discutem num restaurante de outro grande magnata os seus futuros investimentos enquanto tomam uma composta refeição bem regada pelo melhor e mais caro vinho da região. Para o bem de 4, 3561 e mais 564032 sofrem silenciosamente.
A tirania da minoria pela maioria. E a maioria aplaude na hipnose social a que estão sujeitos. Só com a união da maioria a civilização avança, não esquecendo a minoria com direito a integrar a cooperação da maioria hoje subjugada.
Educando, ensinando, instruindo meio povo e mais meio menos um resto a força da Humanidade será enorme e deixará de percorrer um caminho cíclico com o da água.
para o camarada Simão Eloi pela simpatia com que fala deste blog e contribuição para o aumento diário de leitores
Liberdade, igualdade e fraternidade. Por ti, por mim, por eles.
Deseja-se amor fraterno entre todos. Agora que olho para ti sinto que te adoro, porque não reparei antes? Fácil de falar, difícil de executar, impossível de comentar.
Um dia, quando todos se olharem frente-a-frente, sem rodeios e com paixão a fraternidade surgirá coberta por um invólucro macio de abertura fácil, assim – já está.
Igualdade fraterna é tão fácil de idealizar e pronunciar ao invés de uma dificuldade imensa de concretizar. “Coitadinho, não tem dinheiro, é pobre, é sujo, não me dou com essa gente, eram todos expulsos e repatriados que não são desta terra, morram gente inútil!” – Pergunto-vos, no meio de utopias realizáveis, já que a condição humana é iluminada pela (in)fortuna, porque não reduzi-la ao básico e essencial à dignidade de todos? “Sonhador!” com gosto pois no maravilhoso sou sempre optimista e pouco pragmático. Defeito? Talvez não… Assim sendo, onde estariam os filósofos, pensadores, trabalhadores criadores da solução revolucionária de 1789?
Liberdade igual para todos. Ser livre é ser feliz, estar preso e ignorante é a solução mais superficialmente facilitada mas intrinsecamente apática e insípida. Dê-se a todos a capacidade de escolha na liberdade condicional que o nosso contexto nos permite. Assim garanto-vos, alguma coisa irá mudar. Alguns pensarão que a vida melhorará, outros o contrário até que apareça uma realidade nova, colorida e fresca.
Posso começar?
Queda do Império
Quem o construiu um dia pensava que era eterno, que o seu exército seria sempre forte e que
todos os dias estaria alguém a sacrificar-se por Ele. Sim, a motivação de expansão acompanharia
o futuro até sempre. Nada seria capaz de corromper tal façanha e todos viveriam satisfeitos para
sempre. Logo depois da morte do mestre tudo mudou. Quem procuravam agradar já lá não
estava. Entre rugidos de leão, felinos esfomeados lutavam pelo lugar de rei da selva. Um
alcançou-o mas sem a força que o antecessor tinha. E o sonho do Império imortal desapareceu,
até hoje.
momento