25.11.07

Escumalha

Não há nada pior que ser advogado
ser jornalista
ser político.
E agora, cada um para si,
Vamos Desenvolver.

A Doença

Aflige-me a doença.
Tomou já Certos Bocados de mim.
O que sobrará para legar aos meus filhos?
Aflige-me a doença
E apetece-me dormir.
Não quero morrer de olhos abertos.

Toca o telefone
O meu coração dispara
E a minha cabeça explode.
"Se eu cortar o Fio,
Não toca mais o Telefone."

Quadrinha

Bebiam tinta
E cheiravam cola
Todos os meninos
Do meu jardim-escola.

Mein Herz schwimmt im Blut

I
Se no coração se me dilatam as aurículas
Se me oprimem os ventrículos
Se o sangue me banha os membros.

II
Se na língua sinto pulsação
É porque o sangue de dentro me fala.

III
Se quebro articulações e se formam coágulos
Então o sangue se acumula
E o meu coração nele nada.

IV
Mas se pelos ouvidos me lançam palavras afiadas
Como pedras fora da mão,
E me ferem o cérebro e a mente.

V
Então aí, por dentro de Mim,
Chove, e o meu coração, solto, nada.

VI
E se nada o meu coração
No sangue se afoga, lentamente,
E se afunda.

VII
E dos náufragos, sobreviventes não restam.
E dos destroços nada se salva.

22.11.07

buh?

1_à pressa.
2_há pressa?
1_estulto! chovendo... o...
2_queres apostar tudo?
1_em como A)INDA há pressão criativa
2_DA MAI' LINDA!

15.11.07

Cinema

Calado, ansioso, paciente. Nada. Tento ser superficial. Sim, superficial, o que não é nada mau pois há coisas neste planeta que tendem a ser hipocritamente encobertas pelo que a superfície é o melhor refúgio na relação inter-pessoal.
Sentimentos profundos, tão nossos, já não se usam ou se calhar sou eu que estou fora do contexto e não consigo entrar por mais que tente. “Amanhã és minha e depois logo se verá, depende dos ventos e das marés” dizem. Eu sou mais “Começo amanhã e espero que não acabe”. Viverei eu no século errado?
Espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero, e… nada. Do que eu quero é como eu. Antagonismo, contraste em relação ao resto. Se calhar está bem para mim, porque eu penso assim. Mas esta era a vez de ser tudo ao invés do que sou…
Marco terreno e volto a esperar que mude para a normalidade actual. Se calhar marco tão fundo que em algum dia poderei alcançar o objectivo mas o buraco em que me coloquei é tão fundo que não chego à tal superfície e morro.
Avisto o posto, está bem perto de mim, mas não lhe posso tocar. Nem pensar! O efeito pode ser reversível e futuramente irreversível.
Luzes, cenários, palavras soltas. Neste colectivo de filmes a que alguns gostam de chamar “amor” eu prefiro dizer que tudo é uma droga que causa bem-estar mas é egoísta e mata lentamente. Quero ver outro fim para os filmes.
É este o nosso cinema.


28 de Setembro de 2004, uma hora.

14.11.07

3 anos

1,2,3 sô 1,2,3 sôm


13.11.07

E em Lisboa

Fogo-fátuo que chispas dos navios
Uma enxada enterrando-se suavemente na terra
A semente que germina dos pedúnculos
Um peixe com feridas de ardor das redes,
E com os lábios a sangrar,
E a espinha partida
E um gato cujo calor das entranhas descarnadas se confunde com o do alcatrão de Verão.

E em Lisboa, um político a ver os trocos que tem no bolso
E sete cães a comer dele.
Deitam-lhe bagaço nas feridas
E pegam-lhe a Tosse.

Relações

Um abraço especial às pessoas
Que comigo se correspondem
Pudesse eu tocar-vos a todos
Como um gaio.

Um HOMESSA às pessoas
Que comigo trocam palavras
Tivesse eu mais que vos dar
Que monossílabos.

Estamos sentados aos pés da cama
As pernas... as tuas sob o corpo, as minhas cruzadas.
Deitas a tua cabeça no meu ombro
Com um braço um abraço, com o outro pego-te a mão.
Olho as tuas unhas.
São compridas e pálidas, o contraste com a tua pele,
Negra.

Quando a Vida nos beija
Sabe um bocadinho a acre.

Os amigos que eu tenho
Fui eu que os fiz
São o meu rebanho
Mas sou eu o Aprendiz.

Pois é a Amizade
Que faz um Homem do Rapaz
E quando se nos acaba a idade
São eles que nos desejam paz.

Mas Amizade, atenção!
Por vezes é feroz.
Já dizia a cantiga
Do tempo dos meus Avós

"Amigos são Inimigos
Quem os tem sabe-o bem
Eu só tenho como amigos
O meu pai e a minha mãe"

Um Homem Pintado de Ironia.

Se anotasse o Número.
Eu lembro-me.
Os gatos ao sol, como flores.
Os velhos a mandibularem as saias que passam.
Discamos os Números em conjunto.
Interrompido?

Abordo um polícia.
"Um dia escreverei sobre si",
"Filho da puta não! A minha mãe era Séria!"
Era um polícia, era um polícia.

A chuva deposita-se nos bancos de jardim.
Molhamo-nos, molhamo-nos.
Se tirar a camisa respiro melhor.
O Ar, o Ar.
Pelo menos até largarem A bomba.
Um Homem Pintado de Ironia.

A água que passa nos meus pés
Arrefece-os e estagna a circulação.
O sangue coagula, intoxicando-me com CO2.
Sorrio, feliz, feliz
E atiro-me de cabeça e engulo a água,
que escorre por dentro e seca-me.
A quem me atirar um pau atado a uma corda
Eu atiro uma palavra atada a uma pedra.

Pelas ruas e pelos quartos
Pregamos para os outros.
É neste espírito de fervorosa religiosidade
Que nascem os Grandes Líderes.

O Boxeur

Dedos gelados
Ombro torcido
E um rim dorido.
Fico atapetado em ligaduras.
Não me desiludas.
Nós ainda gostamos muito de ti
E escrevemos o teu nome em maiúsculas
E apertamos-te a mão.

Vou viajar.
Não vos quero ver mais.
Quando voltar terei roupas diferentes
E o cabelo, não me irão reconhecer.
Tenho os dedos gelados,
Torci um ombro, dói-me os rins.
Caíram-me dois dentes ontem.
Os meus olhos só vêem as Verdades.
E os meus ouvidos estão surdos.
Deram-me uma injecção de Consciência.
É só o tempo de me benzer e parto.

Não nos desiludas.

Olha o que tens calçado,
Pareces o Pessoa.
Na minha faceta de artista.
Para que quero eu, o que queres que eu faça,
Com a Electricidade?
As tomadas da Memória
Estão cheias de açúcar para
Apanhar as formigas que passeiam
Na minha cara, de noite.

"O Menino desculpe, desculpa?"
Mas eu não posso falar.
A minha língua está no ouvidos
E a garganta também.
Enfim, tenho problemas de saúde.

Mulheres a rir furiosamente,
Caem-lhes os invólucros da pele.
Uma delas cospe pedaços de pulmão
E as outras explodem.
São tão bonitas no Silêncio, que é tão insípido
E tomam café com o seu açúcar
E lavam os dentes com pasta medicinal Couto.
Têm uma mente sem Cheiro
E Comportam-se.

Ele não sabia

A cabeça que trouxeste hoje estava toda suja.

Alquimia

A beleza dos Impostos
É que pegam em algo de desagradável, como o suor,
E espremem-no em Ouro.

12.11.07

Lisboa

Lisboa, cidade suja.
Dos seus lampiões apagados surgem vultos negros cheios de expressão. Das bicas escuras sai o líquido mais horrendo que mata a sede a largos milhares.
São almas que conseguem empobrecer o mais vil dos cenários, tal fonte dos prazeres infames que esquece os que para si trabalharam desde sempre, minhotos, trasmontanos, durienses ou beirões.
Juntos construíram esse projecto de metrópole, juntos o mantiveram e já convertidos o destruirão.
É tal o olhar triste na emblemática Avenida da Liberdade que os edifícios que a limitam pedem permissão para não brilharem. Chegado ao Rossio de chão gasto apetece-me correr pela Rua Augusta até ao rio das maleitas.
Ai Tejo, por pouco me apanhava! Num impulso parei a 2 passos do muro, pensava eu em saltar, Cais do Sodré à vista. Tarde me apercebi e cedo reparei que não podia continuar, tal é a imundice de tal leito que transborda deslealdades, enganos e traições.
Corro, corro, paro e torno a correr até chegar a Belém. Aí deito-me e adormeço até à manhã seguinte na ilusão de encontrar um Mundo novo.
Sim, aí está ele! Bem… ainda estou inebriado pelo fumo que percorre as esquinas mais esquivas do Centro Cultural de Belém, nada mudou. Apanho o autocarro e dirijo-me para o Campo Grande e Lumiar. Esquecida a Ajuda que me foste pelas ruas estreitas de Alfama tanto encontrar o fim de tanto tormento, tanto que é ignorado por todos.
Envenenaste, Lisboa, as boas almas que albergavas. Hoje são apenas resquícios irrecuperáveis que empestam os seus ares, e os vizinhos, lentamente, para o sul e norte.
Lisboa, porque tendo tu Portugal concentrado conseguiste destruir todo o doce espírito que nos caracterizava? Vamos definhando à tua custa.
Roubaste homens, ideias, ambições, mulheres e sonhos a um país que te exclamava a plenos pulmões: “Capital! Capital!” e apagaste as nossas origens.
Eu choro porque não consegui acompanhar-te e aprender a morrer contigo, silenciosamente.
Penso em Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor e lá estou, com os Anjos.
Resigno-me.
Um destes dias pode ser que me tragas quem eu mereça, quem valha a pena, Lisboa.

Parti os óculos. Não consigo ver.
Sopra-me o vento pelo cabelo.
O Cheiro do vento.
Aponto a Caneta ao Papel. Casei-os:
Temos de escrever para a família.
Tudo para a Família.
Cruzamos os braços e desobedecemos.
Quem? Eu e Eu, também.
Manifestar as vontades como cumpridas,
E esperar. Hão de levá-los a todos.
Razoavelmente embriagado pelos Costumes
Empalo-me entre Cristo e a Cultura.

Já não tenho papel, já não tenho papel.
Já perdi o relógio, já me dói o escrever.
Já me caem as pálpebras, já perdi a vontade,
Já abri as feridas, ainda hei-de nascer.

Simples

Começa o dia por brilhar
Timidamente.
Depois explode a alegria
Nada melhor por acontecer
E depois disso tudo desaparece sem explicação aparente e eu inexplicavelmente não reajo embora queira e sem parar não me mexo e ao mínimo toque apetece-me cair.

Devagar e sem pressas
Vamos lá então recomeçar.
Esperança que nos une
O horizonte desaparece
Mas torna a aparecer e eu sem tempo para tomar gosto à primeira caio na segunda e volto então a sujar-me de límpidas lágrimas invisíveis que escorrem de cima.

Experiência não me falta
Falhar nunca mais.
É tudo tão leve
De tão simples que me parece
E no meio da infinita ideia que me invade e me consome vou-me perdendo e encontrando e perdendo e está à minha frente a alta figura da dor que me cega e como cego sou eu! Quero mais, não pares!

11.11.07

Com Total Seriedade

Com total seriedade
Submeto-me à rua.
Compro um pêssego,
E dou-to.

Com total seriedade
Acordo de noite.
Pego num beijo,
E dou-to.

Com total seriedade
Aponto a carabina.
Disparo uma bala,
Aterra serena no teu peito.

É um rio de sangue,
É um rio de linfa.
É um fumo de cigarro.
É um funeral de caixão cerrado...
É uma campa? Isto é uma campa?
É uma flor solene.
É um escarro na cruz.

As minhas mãos são fortes e belas.
São um espelho da minha mente.
As cicatrizes já amarelas.
A direita escreve, dormente.

E se cobrindo estes ossos velhos
A minha carne é ainda forte
É porque por ela escorrem rios, vermelhos,
Por mais que se corte.

Nas palmas, gotículas de suor
Percorrem os veios musculares
E encontram as do meu Amor,

E os dedos como ondas nos mares
Entrelaçam-se, e estão em flor.
As nossas mãos são pares.

Agitadores políticos com Intenções

1. Compro-te um pensamento.
2. Dá cá os meus dez escudos.
3. Queria um café com aguardente e canela.
4. Não há nada mais honesto que ser puta.
5. O Fado é como uma flor bonita que brota de um pedaço de merda-seca.
6. És um abjecto.
7. Troco um pensamento por um beijo teu.
8. Não posso, dei-o já a outro.
9. Conheci uma vez um padre.
10. E que tal era ele, na cama?

Teus cabelos são como mel
Que escorre lânguido e quente,
Envolvendo a tua face,
E ocultando os teus olhos.

E quando passas atraem os animais
Com o seu cheiro suave e doce.
E nós seguimos-te, lambendo sôfregos
Das gotas que esparrinham na terra
À laia de Substância Vital.

Com o teu jeito felino assanhas-te
Se chegamos perto ou se procuramos
Os teus olhos com os nossos
E, como uma vela que se apaga,
Desvaneces no ar deixando apenas o rasto bruxuleante
Que Te Define.

10.11.07

Sábado à noite em Vila Nova de Milfungos

Era noite e estava escuro e doía-lhe o estômago. "Belo dia para me esquecer de trazer a Alka-Seltzer" gritou, em dor, para a rua deserta. Mais uns passos e enfim, o café, que com lanternas de papel iluminava a esplanada de verão, ainda assim pouco animada. Da rádio explodiam temas de dança sul-americana, la bamba, a lambada, o tango, mas apenas dois velhos tomavam um copo de vinho duma garrafa bacienta e uma mulher muito gorda suando em bica abanava um leque espanhol com entusiasmo, tremendo desdenhosamente as gorduras dos braços, entretida pela música e três quartos de uma garrafa de água ardente.
Entra então e pede uma água com gás que lhe traz a filha da Rosalinda, a que lhe limpa a casa uma vez por semana. "Então esses estudos? Passaste?", "Ainda me falta o Francês".
Olha então para cima e repara na televisão que dá ainda a novela. "O Lúcio ainda há de descobrir que aquela Francisca é uma cabra" pensou, enquanto se dirigia para a casa de banho, que a bexiga já lhe apertava. Instala-se no urinol. "Espera... cinco,... quatro, três..., um" mas nada, não saía, já andava a tomar os anticalcificantes que o dr Lopes lhe receitara há dez dias e nada, ele bem sabia "que tinha de ser mais forte, que o irmão dele tomava o Uriflox e doeu-lhe até morrer,... há dois anos já. E a Laurinda? A pobre rapariga, nunca mais a vi, já deve ter acabado o Direito, Espera, uma gotinha, mais duas, ai porra que dor...". Mas lá foi.
Fecha a braguilha e pergunta se já veio o Joaquim. Não veio ainda, mas não tarda. Volta para a mesa e tira do bolso da camisa umas duas folhas de papel e uma esferográfica, cortesia da Uriflox. "Querida mulher, como estás? Desculpa ainda te não ter enviado os cinco contos de réis para a empreitada do teu afilhado mas ainda não recebi o cheque este mês. Também a dona Fernanda da Mata não me pagou o conserto do frigorífico e estou precisamente agora à espera do Joaquim que jogou comigo no outro dia à bisca lambida e, coitado do rapaz, perdeu como um palerma.
Está calor por aqui. Vem cá para a semana o Coronel Dias, que está a ver se se candidata à nossa junta. Promete instalar um semáforo e pôr uma televisão a cores num cantinho especial na praça (aquele junto ao busto do D. Miguel), ah! e ainda dois bailes por ano, com a banda da Cooperativa. Era bom era mas cá para mim ele é um bandido; adiante que me enerva.
O primo Zé acabou agora o serviço mas não arranja emprego. Será melhor mandá-lo para aí ou pô-lo na Guarda? Eu cá não o queria ver guarda mas isto está muito feio, muito feio.
Bem já chega, beijinhos ............X"
Lá estava o Joaquim. "Aqui está, velho" diz, tirando dos bolsos e atirando para cima da mesa algumas notas amarfanhadas. "Pensei que tinha de ir a tua casa e foder a tua irmã..." respondeu. "Vê lá é se te calas se não queres levar umas murraças nesse nariz", e saiu. "Bom miúdo este Joaquim" pensa, e pede, e toma, um copito de vinho.
Mais tarde, depois de ter deixado a carta para a sua mulher no marco, à porta da mercearia do sr. Horácio, regressa a casa. Pousa as chaves na cómoda da entrada e vai à cave buscar um pedaço de corda. Segue então para o quarto, despe-se e deita-se sobre a cama. Estica-se para a mesa-de-cabeceira, abre uma gaveta e tira um canivete. Começa a esfregá-lo com força contra a testa, os braços, o peito, a barriga e as pernas, criando pequenos fiozinhos de sangue. Pausa por um momento e recomeça. Levanta-se então e vai buscar o banco de madeira que tem aos pés da cama. Ergue-se em cima dele e pendura a corda ao candeeiro do tecto, amarrando o seu pescoço num nó. Balouça a cadeira e cai. (Não) morreu.

BlogVR

Havia intenção, sem vontade.
Vontade sem acção, propulsão e realização.
Vamos lá então tentar recomeçar isto.
Até logo.

8.11.07

No tempo em que os Animais falavam

No tempo em que os Animais falavam
Havia um Peixe muito sábio que dizia:
"Já passou o tempo em que éramos crianças. Em que nos ríamos.
Em que dormíamos com honestidade e entusiasmo.
E, acima de tudo, em que crescíamos e se nos deparava um mundo, que se abria perante nós,
e ele era bonito, esse mundo."

Isto era o que ele dizia.
Mas agora (E Porquê Agora? Porquê?)
É uma prisão, um Castigo ou uma Redenção.
Fomos adolescidos do Paraíso.
Envelhecemos (como envelhecemos!) e estamos Assim.

Choramos o passado
Desconfiamos do futuro (ou iludimo-nos)
E Esperamos.
Porque um dia não haverá mais peixes na terra.
E Nós, que somos o seu Sal,
Perderemos as nossas características
E nos transformaremos.
Isto também o Peixe dizia.

Mas muito mais tarde o Peixe tornou a falar.
"A vida, como existência que é,
Realiza o Ser.
O que terás Tu a contar,
Quando o sal que te constitui
Se sumir?
É uma pergunta cuja resposta somente Tu poderás esclarecer.
Pois este trajecto que se talha,
Que desbravamos cuidadosamente e corajosamente,
Dia após dia,
Dá-nos a nossa Forma, ou até a nossa Fórmula,
Que, consoante a mesma, tem o potencial de nos sublimar, e atingirmos o Auge".

Este Peixe era muito chato,
No entanto terá sido o primeiro filósofo e, como detentor do Monopólio Filosofal,
Triunfou vorazmente na
Estrutura Capitalista Ictióide da Pré-História.

Para atraiçoar um amigo.
Há que ser comedido.
Deixar-nos fugir, ou escapar
Porquê formular a Mágoa?

Manifesto Analógico

Mulheres de fita magnética
Botões e válvulas e Correntes.
E fumo e calor e vapor.
E Coisas Palpáveis.
Como se pode conceber,
Reformatar uma mulher?
Chamar-lhe nomes e palavras feias?
Dá-las a todos, Roubá-las
E não as encerrar em papel ou em Plástico?
Assim não dá gôzo, nenhum.

Foge-me dos pés a Força.
Dobra-me os joelhos.
Cansa-me.
Angustia-me, aborrece-me e
Aprisiona-me.
Então, ó Força, porque és assim tema de lirismos?

Um Poema,
Como se fosse soprado da corneta de um
Negro do Jazz,
Assim...
Sofrido.

Triângulos de Merda

Mata as coisas com força
Mas não sujes a parede
Quando o vento sopra
Num dia de calor
Leva consigo o meu ânimo e Força
E prostra-me.
Abandonado à minha Consciência
Regurgito os anteriores dias como este (como haverá sido o primeiro?)
E sonho-me longe.
Se o sangue flui para fora e
Para dentro do meu coração
E me liberta as lágrimas, e me seca os lábios,
E me transtorna, e me pacifica.
Ai Deus e o é.

Se há coisa que eu quero

Se há coisa que eu quero
Era uma mão, não; um par.
De mãos que segurassem,
Amplas e fortes, de osso e carne
Pulsando ritmicamente ao fluxo sanguíneo.
E era assim um par de mãos,
Rosadas mas pálidas, grandes mas pequenas,
Bonitas mas Humanas, que eu
Pudesse cobrir de beijos e que me
Protegesse da minha vida!
Se há coisa que eu quero,
Era isto o que eu queria.

Agastado com a escrita submeto-me ao visual:
Zing! O Castanho.
Trás! Um Sol vivo e laranja.
Rrrrau! Nu descendo a escada.
-
Com os dedos coloridos sentimos o Espaço

Dinossauro Vagabundo

Dinossauro Vagabundo
Passeias por Lisboa entre a noite e a Claridade
Escória do Mundo
Morre cidade!
Mas no fundo, Vagabundo,
Dinossauro, é grande a tua idade.

Bonita

É por dentro, nos tecidos
Que tu és.

Há pessoas que dizem, que não usamos todo o potencial de Seres.
Mas a Humanidade?!
Enquanto caço, destruo o meu poema.
E o meu amigo, Afaste-se!